As 6 fases do jogo pelas quais as crianças passam

A brincadeira é o meio pelo qual as crianças aprendem a se relacionar com os outros, a cooperar e a trabalhar juntas. Descubra as fases que se atravessam durante a idade pré-escolar.
As 6 fases do jogo pelas quais as crianças passam
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 05 junho, 2023

Não há outra atividade mais natural para as crianças do que brincar. Praticamente, desde que nascem, envolvem-se neste tipo de atividades que não estão relacionadas com a sobrevivência, e sim com o prazer e o entretenimento. O desejo de brincar é inato e fundamental para o aprendizado e desenvolvimento pessoal. Por isso, hoje queremos falar com você sobre as 6 fases do jogo e em que consistem.

Se você observar duas crianças de idades distantes, como uma de 2 anos e outra de 6 anos, verá que suas formas de brincar são muito diferentes. E isso pode nos confundir se não estivermos familiarizados com a ideia de que o jogo evolui. Assim, você pode levar seu filho ao parque para socializar com outros pequenos e vê-lo observar os outros sem interagir, ou talvez perdido em sua própria dinâmica.

Não se assuste com uma situação como essa, provavelmente seu filho não tem nenhum problema de socialização, é apenas exatamente o que corresponde ao estágio evolutivo dele. Continue lendo para descobrir o porquê.

Descubra quais são as fases do jogo de Mildred Parten

Existem várias formas de categorizar as brincadeiras infantis e todas elas são muito válidas e de utilidade prática. Mas uma das mais destacadas é a realizada pela socióloga americana Mildred Parten. Sua classificação descreve diferentes fases pelas quais passa a brincadeira infantil, dependendo do grau de socialização em que estão envolvidas.

Em 1932, o Parten recebeu a tarefa de observar a participação social de crianças pré-escolares. Assim, pôde constatar que o tipo de jogo desenvolvido difere em função de várias variáveis e que a idade dos bebês é um dos elementos principais.

A socióloga Mildred Parten estabeleceu as 6 fases do jogo pelas quais as crianças passam gradualmente à medida que crescem.

1. Jogo desocupado

O jogo desocupado é típico de bebês e crianças mais novas. À primeira vista, pode parecer que eles não estão brincando e que nada está acontecendo. A criança simplesmente observa seu entorno ou faz movimentos aleatórios. Ela pode optar por seguir um adulto ou se concentrar em brincar com seu próprio corpo, como sentar e levantar de uma cadeira. Além disso, apesar de lhe oferecerem brinquedos ou atividades para fazer, ela não os leva em conta nem demonstra interesse.

2. Jogo de espectador

Esse tipo de jogo é semelhante à anterior. Porém, nesse caso, a criança não olha para nada que chame sua atenção no ambiente, mas se concentra em observar como um grupo específico de crianças brinca. Assim, ela mantém uma distância segura e não participa da atividade, mas pode conversar com elas e tirar dúvidas ou dar sugestões. Ela realmente aprende sobre as regras do jogo e interação social.

3. Jogo de paciência

Trata-se de um tipo de brincadeira individual em que a criança se concentra em suas próprias atividades e não demonstra interesse pelas demais. Ela usa brinquedos diferentes dos outros pequenos, mesmo que esteja muito próximo deles, e não faz nenhuma tentativa de se aproximar ou se comunicar. Em geral, ela aprende a se entreter e a ser autossuficiente.

4. Jogo em paralelo

Essa é uma fase de transição entre a brincadeira individual, que ocorre quando a criança ainda não possui maturidade e habilidades de comunicação suficientes, e a brincadeira participativa ou social. Caracteriza-se pelo fato de os bebês brincarem próximos uns dos outros, usarem os mesmos brinquedos e imitarem uns aos outros em suas ações. No entanto, cada um deles se concentra em seu próprio jogo individual.

Ao brincar lado a lado, as crianças podem conversar entre si, mas não colaboram em uma narrativa conjunta. No entanto, elas praticam habilidades importantes e aprendem umas com as outras.

5. Jogo associativo

Nesse caso, as crianças já brincam entre si e têm interesse em interagir umas com as outras. Elas compartilham materiais, conversam e se seguem de alguma forma, mas não coordenam suas atividades e criam produtos individuais. Como já existe um alto grau de comunicação, esse tipo de brincadeira promove o desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais. É típico nos estágios iniciais da pré-escola.

6. Jogo cooperativo

A última das 6 fases é chamada de jogo cooperativo e ocorre quando há uma atividade conjunta organizada envolvendo várias crianças. Podem ser realizadas dramatizações em que cada uma assume um papel e também são estabelecidas certas regras a serem seguidas. Todas colaboram para criar um tema ou roteiro compartilhado e é, portanto, um jogo mais complexo que requer mais maturidade. Assim, o jogo cooperativo favorece o sentimento de pertencimento e ajuda a desenvolver a empatia.

As fases do jogo nem sempre são sequenciais

Propõe-se que essas 6 fases do jogo ocorram sucessivamente à medida que a criança cresce, mas isso não está totalmente claro. E há outros fatores que parecem intervir. Por um lado, quanto maiores as oportunidades de socialização, mais provável é que tipos de jogos cooperativos em vez de solitários apareçam. Além disso, o grau de confiança existente entre as crianças também pode favorecer o aparecimento de um ou outro tipo.

Não seria preocupante ver crianças mais velhas se envolverem em brincadeiras antissociais em certas ocasiões. De qualquer forma, é conveniente saber como varia o estilo de jogo em função do estágio evolutivo dos pequenos. Saber quais habilidades eles têm e o que precisam em cada idade pode ajudar os pais a não se preocuparem com a aparente baixa participação de seus filhos com seus pares.

Lembre-se de que, mesmo que não interajam excessivamente, observar e compartilhar o espaço com outras crianças também favorece a aquisição de habilidades importantes.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Brownell, C. A., Zerwas, S., & Balaram, G. (2002). Peers, cooperative play, and the development of empathy in children. Behavioral and Brain Sciences, 25(1), 28–29. https://doi.org/10.1017/S0140525X02300013
  • Parten, M. B. (1932). Social participation among pre-school children. The Journal of Abnormal and Social Psychology, 27(3), 243–269. https://doi.org/10.1037/h0074524

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.