Sensibilidade a odores na gravidez: o que você precisa saber

Pelo menos 80% das mulheres experimentam aumento da sensibilidade a odores durante a gravidez. Você quer saber por que isso acontece? Descubra aqui!
Sensibilidade a odores na gravidez: o que você precisa saber
Sandra Golfetto Miskiewicz

Escrito e verificado por a médica Sandra Golfetto Miskiewicz.

Última atualização: 13 novembro, 2022

É comum que uma mulher experimente aumento da sensibilidade aos odores durante a gravidez, o que é conhecido como hiperosmia. Um estudo com mulheres grávidas revelou que aproximadamente 60% delas sentiam náuseas diante de certos aromas cotidianos. Mas a questão para muitas futuras mamães é se se trata de uma mudança gestacional ou um problema sensorial. Continue lendo e descubra a resposta.

Por que a sensibilidade a odores aumenta na gravidez?

Há alguma controvérsia sobre a hiperosmia e os cientistas desenvolveram várias hipóteses para tentar explicar a causa mais provável dela. A seguir, compartilhamos algumas.

Para alguns pesquisadores, náuseas e vômitos na gravidez pode se dever a um mecanismo de defesa para proteger a mãe e o bebê.

Teoria da adaptação

Segundo artigo publicado na década de 1990, postulava-se a ideia de que náuseas e vômitos durante a gravidez respondem a um mecanismo adaptativo e de defesa. O referido trabalho sugere que no primeiro trimestre, quando o embrião está mais vulnerável às toxinas, esses sintomas o protegeriam de substâncias potencialmente teratogênicas ou abortivas.

A sensibilidade olfativa da gestante diminui com o tempo, enquanto a necessidade de nutrientes do feto aumenta. Isso estimula a mãe a aumentar a ingestão de nutrientes, como vitaminas e minerais, para suprir as necessidades do futuro bebê.

Teoria sobre a relação cognitiva e fatores hormonais

Outros cientistas argumentam que a sensibilidade das mulheres grávidas aos odores ocorre por causa de mudanças fisiológicas no primeiro trimestre da gravidez. Eles também descobriram que no final da gestação e até 6 a 8 semanas pós-parto, muitas mães experimentaram alterações na sensibilidade olfativa, menos (hiposmia) ou mais (hiperosmia).

Os fatores envolvidos nessas alterações fisiológicas são os seguintes:

  • Fatores hormonais: o aumento do hCG (hormônio gonadotrofina humana) e dos hormônios tireoidianos pode influenciar no aparecimento desse fenômeno, bem como alterações na função hepática ou infecção gástrica pela bactéria Helicobacter pylori.
  • Fatores cognitivos: foi proposta a possibilidade de um aspecto psíquico em que a mãe tem sentimentos reprimidos ou inconscientes de rejeição ou ambivalência em relação ao feto.

“A gravidez não modifica o cheiro”

Alguns trabalhos mais recentes insistem que não há mudanças significativas na sensibilidade aos odores na gravidez. Nesse sentido, os especialistas defendem que essa percepção não difere da apresentada por mulheres não grávidas ou homens. No entanto, eles não descartam a possibilidade de que náuseas e vômitos matinais possam ter um efeito protetor sobre o embrião.

Outras teorias propõem que o olfato não é modificado durante a fase de gestação, pelo menos não significativamente.

Seja qual for a explicação…

Independentemente da explicação científica para a sensibilidade olfativa, a futura mamãe deve estar sempre atenta ao consumo de alimentos ou substâncias potencialmente prejudiciais ao seu bebê. Nesse sentido, é fundamental buscar a orientação do ginecologista em caso de dúvidas.

A avaliação obstétrica é importante, principalmente se houver alguma patologia crônica ou adquirida recentemente pela mãe que altere os sentidos.

Dicas para reduzir o desconforto causado pela hiperosmia

Como vimos, a sensibilidade a odores na gravidez pode ser muito irritante. No entanto, ela pode ser reduzida com alguns truques simples, como evitar o consumo de pratos muito condimentados, escolher alimentos com pouca gordura e que não exalem odores fortes, limitar o uso de ambientadores artificiais e ventilar os cômodos da casa todos os dias.


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