A Teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada de Feuerstein
Até hoje, ainda existem muitos especialistas que continuam estudando e fazendo a seguinte pergunta em relação à inteligência: ela é inata ou adquirida? Por sua parte, o psicólogo Reuven Feuerstein tinha muita certeza. Embora ele não discutisse a parte biológica da inteligência humana, argumentava que todas as pessoas têm a capacidade de desenvolver a sua inteligência profundamente por meio da chamada Aprendizagem Mediada.
Reuven Feuerstein e a modificabilidade cognitiva universal
Natural de Botosan, na Romênia, e doutor em psicologia do desenvolvimento, Feuerstein dedicou a maior parte de sua vida à educação e às pessoas com grandes dificuldades de aprendizagem. Ele é autor de teorias brilhantes, tais como a Modificabilidade Cognitiva Estrutural e a Experiência de Aprendizagem Mediada.
Com base nisso, ele desenvolveu o conhecido Dispositivo de Avaliação da Propensão à Aprendizagem, juntamente com a criação de ambientes modificadores.
“A modificabilidade da estrutura cognitiva considera o organismo humano como algo aberto, adaptável e disposto à mudança. Entende a inteligência não como uma estrutura estática, e sim aberta e dinâmica”.
-Patricia Gómez-
Em que consiste a Teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada?
A partir da sua experiência trabalhando com pessoas com níveis educacionais mínimos, Feuerstein concluiu que esse desempenho pode ser modificado por meio de processos cognitivos. Em outras palavras: todas as pessoas podem desenvolver o seu potencial de aprendizagem.
Assim, com base nessa premissa, Feuerstein formulou a sua Teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM). De acordo as palavras da pedagoga Patricia Gómez, a EAM se refere à qualidade da interação entre o aprendiz e o mediador, na qual o mediador seleciona, expande e interpreta o processo de aprendizagem do aluno.
Ou seja, o educador atua como um mediador no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, para Feuerstein, a mera supervisão e interação entre aluno e professor não é o suficiente para que a experiência de aprendizagem mediada possa ocorrer. É necessário, portanto, um mediador responsável, afetuoso, com conhecimento e competência para ser um intermediário entre o aluno e a experiência de aprendizagem mediada.
Além disso, de acordo com a especialista Silvia Ester Orrú, para que ocorra uma aprendizagem mediada de qualidade, devemos partir de uma intencionalidade positiva, ou seja, partir do princípio de que o potencial de aprendizagem de todo ser humano é modificável.
“O uso da Aprendizagem Mediada como uma forma de integrar os alunos ao ambiente consiste na transformação de todos os estímulos por meio de um educador que os ordene, a fim de organizá-los e modificá-los para uma melhor interpretação do universo ao seu redor”.
-Silvia Ester Orrú-
Vantagens da Aprendizagem Mediada
- Desperta nos alunos o interesse em participar do seu processo de aprendizagem.
- Promove a aprendizagem dos alunos, mesmo quando eles apresentam baixo desempenho.
- Ajuda a regular e controlar o comportamento, já que os alunos aprendem a recuperar o conhecimento aprendido anteriormente para usá-lo e raciocinar de forma coerente.
- Incentiva a participação ativa e colaborativa dos alunos, graças à interação e motivação sugeridas pelo mediador.
- Dá origem à individualização e à diferenciação psicológica de cada um dos alunos, ao considerá-los como participantes ativos de sua aprendizagem, capazes de pensar de forma independente do restante do grupo.
- Facilita a atenção para que os objetivos futuros dos alunos sejam alcançados, ou seja, a aprendizagem mediada incentiva a busca, o planejamento e a consecução de objetivos pelos indivíduos.
- Desenvolve o pensamento divergente dos alunos, bem como a curiosidade intelectual e a originalidade.
Por fim, para alcançar o desenvolvimento cognitivo que Feuerstein expõe na sua Teoria da Aprendizagem Mediada, não devemos nos esquecer da ideia principal dessa filosofia pedagógica: o educador mediador deve acreditar na capacidade de mudança dos seus alunos, fazendo com que eles vejam o próprio potencial de aprendizagem.
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- Ester, S. (2003). Reueven Feuerstein y la teoría de la modificabilidad cognitiva estructural. Revista de Educación, nº 323, p. 33-54. Ministerio de Educación y Formación Profesional, Gobierno de España. Recuperado de: https://www.mecd.gob.es/dctm/revista-de-educacion/articulosre332/re3320311443.pdf?documentId=0901e72b81256ae0
- Feuerstein, R., Rand, Y., Hoffman, M. y Miller, R. (1980). Instrumental Enrichment: an intervention program for cognitive modifiability. Baltimore: University Park Press.
- Gómez, P. (2013). Teoría de la experiencia del aprendizaje mediado del Dr. Reueven Feuerstein: la importancia del maestro como principal mediador del aprendizaje. Universidad Pedagógica Nacional. México, D.F.