Alunos que não se atrevem a participar das aulas: como ajudá-los?

Você tem alunos cuja voz você mal conhece? Não consegue que eles participem da aula? Neste artigo, daremos a você ferramentas para ajudá-los a se fazer ouvir na sala de aula.
Alunos que não se atrevem a participar das aulas: como ajudá-los?
Sharon Capeluto

Escrito e verificado por Sharon Capeluto.

Última atualização: 19 março, 2023

Em todas as salas há alunos que gostam de participar das aulas. Eles assumem um papel ativo na escola, não têm problemas em apresentar o seu ponto de vista e fazem todas as perguntas necessárias para esclarecer as suas dúvidas. Assim, levantam a mão o tempo todo e não querem perder um debate ou uma partilha.

No entanto, no caso de outros alunos, os professores mal conhecem suas vozes. Há crianças que, por diversos motivos, optam por não participar. E essa questão prejudica o processo de aprendizagem, pois é muito mais complexo para os professores estarem atentos aos pontos fortes e fracos desses alunos. Por isso, estimular a participação das crianças nas aulas é um ponto que todo professor deve priorizar.

Por que alguns alunos optam por não participar da aula?

A participação nas aulas é um aspecto relevante que favorece a aprendizagem, além de contribuir para um clima agradável e de confiança na sala de aula. No entanto, para muitas crianças é um desafio assustador. Estes são alguns fatores que podem explicar a falta de iniciativa de alguns alunos:

  • Timidez: Há alunos que adorariam participar das aulas, mas sua timidez e retraimento não permitem. De fato, muitas vezes as crianças sabem as respostas às perguntas que os professores fazem, mas, em vez de compartilhá-las com o resto do grupo, respondem a si mesmas.
  • Falta de interesse: também há alunos que não participam das aulas por não se interessarem pela matéria ou diretamente pela escola. Nesses casos, os pequenos tendem a ficar entediados e não se importam em assumir ou não um papel ativo durante o curso.
  • Não valorizam a participação: em outros momentos, os pequenos não se envolvem ativamente na aula porque acham que não é necessário ou que isso não vai trazer nada de valor para eles. Então, eles preferem não compartilhar suas ideias com os outros porque estão focados apenas nas notas.
  • Autoexigência: o perfeccionismo e a autoexigência muitas vezes levam os pequenos a se inibirem em sala de aula. O medo de errar é tanto que eles optam por ficar calados.
  • Medo: quando os alunos percebem o contexto da sala de aula como desconfortável, ameaçador ou desagradável, eles não sentem vontade de participar. Nesse cenário, eles terão medo de expor seu ponto de vista e de serem julgados, ridicularizados ou punidos.
Se os profissionais forçarem os alunos a opinar ou tirar dúvidas nas aulas, as crianças se sentirão muito mais inseguras e se isolarão cada vez mais, em vez de participar.

Recomendações para incentivar os alunos a participarem das aulas

Há muito que os professores podem fazer para ajudar a incentivar seus alunos a participar das aulas e, assim, consolidar seus conhecimentos. Como primeira medida, é fundamental criar um ambiente positivo e agradável, onde todos os alunos se sintam confiantes. Para atingir este contexto, é também fundamental transmitir a cada um dos pequenos que o que têm a dizer é importante e que as suas dúvidas têm espaço na sala aula.

Não impor

Forçar os alunos a participar não faz sentido e acaba gerando o efeito contrário ao esperado. Nesse sentido, ao invés de exigir a participação, devem ser realizadas pequenas e sutis ações para que os pequenos que não costumam falar sejam gradativamente estimulados a levantar a voz. Uma técnica interessante é aproximar-se gradualmente deles por meio de olhares cúmplices e sorridentes ou cumprimentos afetuosos, mas não invasivos.

Fazer propostas lúdicas

Propor jogos e atividades lúdicas é muito útil. O objetivo é que os alunos mais tímidos ou menos comunicativos ganhem confiança e consigam ganhar espaço na sala de aula de forma descontraída, despreocupada e até prazerosa. Criar jogos em que não haja respostas certas ou erradas pode ser mais conveniente no início, pois os alunos não sentirão pressão para acertar.

Não tolerar provocações entre colegas

Nenhum aluno deve se sentir desconfortável em participar da aula. Por esta razão, qualquer zombaria ou comentário ofensivo entre os colegas deve levar a uma chamada de atenção do professor.

Os pequenos às vezes ridicularizam uns aos outros e riem de atitudes, opiniões ou respostas dos outros. Isso não deve ser permitido em sala de aula, sob nenhuma circunstância. O adulto responsável pela sala de aula deve ser claro ao proibir esse tipo de manifestação, ao mesmo tempo em que deve promover o trabalho em equipe e a camaradagem.

Como professor, é fundamental estabelecer limites firmes em relação ao respeito e à empatia em sala de aula. Assim, nenhum tipo de zombaria que possa afetar uma criança deve ser aceita.

Oferecer alternativas

Lembremos que todas as pessoas são seres individuais, portanto, nem todos precisamos da mesma coisa. A flexibilidade é uma das qualidades que qualquer bom professor deve ter. As crianças que têm dificuldade em participar das aulas podem receber diferentes alternativas para que possam fazer suas contribuições sem se expor demais.

Por exemplo, podemos antecipar a pergunta que faremos no dia seguinte ou perguntar se ela prefere dar sua resposta oralmente ou escrevê-la no quadro-negro. O objetivo é que o aluno não viva a participação como um momento de ansiedade e nervosismo, muito pelo contrário. Assim, aos poucos ele vai fortalecendo sua autoestima e se animando a ir mais longe.

Para que os alunos sejam estimulados a participar das aulas, o erro deve ser naturalizado

O erro é uma condição necessária da aprendizagem. Não é algo ruim, nem algo que deve ser evitado, e sim uma ferramenta. Na escola, as crianças cometem erros todos os dias, o que as ajuda a desenvolver suas habilidades.

Nesse sentido, acreditamos que os professores devem ser os primeiros a perceber o erro como uma oportunidade de aprendizagem. Se os alunos sentirem que errar é válido e que isso não implica nenhum tipo de penalidade, punição ou ridicularização, sua participação será muito mais ativa e proveitosa.


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  • Miguel-Dávila, JA.; López-Berzosa, D.; Martín-Sánchez, M. (2012). ¿Una participación activa del alumno pronostica una buena nota en el examen?. Documentos de trabajo sobre gestión de operaciones. 3(2):71-83. doi:10.4995/wpom.v3i2.1097.
  • Terrádez Gurrea, M. (2007). Profe, yo no quiero salir a la pizarra. Sobre tímidos, introvertidos y estilos de aprendizaje. Actas del I Congreso Internacional de Lengua, Literatura y Cultura Española, celebrado en Valencia, en 2007 / coord. por Jorge Martí Contreras, 2007, ISBN 84-611-8316-9, págs. 437-444.

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