O que causa ansiedade nas crianças?

Os transtornos de ansiedade são um problema de saúde que afeta grande parte da população mundial. Neste artigo, falaremos sobre os principais gatilhos em crianças.
O que causa ansiedade nas crianças?
Sharon Capeluto

Escrito e verificado por Sharon Capeluto.

Última atualização: 02 fevereiro, 2023

Por mais que queiramos, as crianças não estão isentas de sentir ansiedade em níveis intensos. De fato, esse tipo de distúrbio tem uma prevalência entre 3 e 31%, tornando-se um dos mais comuns na infância e adolescência. Continue lendo para descobrir o que causa ansiedade em crianças.

O baixo nível de capacidade de expressar verbalmente sentimentos ou desconforto que os bebês apresentam notoriamente dificulta a identificação e delimitação dos transtornos de ansiedade. Nesse sentido, tanto o trabalho preventivo quanto o diagnóstico precoce são essenciais no enfrentamento da ansiedade infantil. Vamos ver quais são os principais gatilhos.

Ansiedade adaptativa ou ansiedade patológica

Antes de tudo, é preciso fazer uma ressalva: a ansiedade pode ser adaptativa ou patológica. Vejamos em que consiste cada um dos casos.

Ansiedade adaptativa

A ansiedade adaptativa refere-se a uma emoção particularmente desagradável que ocorre em todos os seres humanos quando confrontados com uma situação percebida como ameaçadora. Ela ocorre com frequência no dia a dia das crianças, como antes de uma prova, por causa de um barulho alto à noite ou uma travessura descoberta.

Nesse caso, a ansiedade representa um fenômeno natural que prepara o corpo para proteger sua própria integridade física e mental em situações potencialmente arriscadas.

Ansiedade patológica em crianças

Por outro lado, a ansiedade patológica é a reação excessiva a um estímulo percebido como ameaçador, que inclui a sensação de profundo desconforto físico, emocional e cognitivo. Por sua vez, é uma resposta que tende a ser duradoura e torna-se muito difícil de controlar. A longo prazo, esses sintomas prejudicam o desenvolvimento da autoestima, bem como o funcionamento interpessoal.

“A ansiedade e os transtornos de ansiedade na infância e adolescência constituem o primeiro diagnóstico psiquiátrico nessas idades, bem acima dos transtornos de conduta e da depressão.”

– Ochando Perales, G., & Peris Cancio, SP –

As crianças são cada vez mais suscetíveis a sofrer de um transtorno de ansiedade desde tenra idade. Muitas vezes apresentam comorbidade, pois coexistem várias patologias ou outros transtornos psiquiátricos.

Distúrbios relacionados à ansiedade

Os transtornos relacionados à ansiedade mais comuns durante a infância são:

  • Transtorno de ansiedade de separação.
  • Mutismo seletivo.
  • Agorafobia.
  • Transtorno de ansiedade social.
  • Fobia específica.
  • Distúrbio de ansiedade generalizada.
  • Transtorno de estresse pós-traumático.

Embora essas apresentações clínicas compartilhem alguns aspectos relevantes entre si, cada uma delas possui critérios específicos para o diagnóstico. No entanto, a psicoterapia é o tratamento de escolha em qualquer um desses casos. Além disso, em ocasiões específicas, é necessário suporte farmacológico.

Causas mais comuns de ansiedade em crianças

Existem alguns gatilhos muito comuns que têm um impacto negativo no bem-estar mental dos pequenos, podendo levá-los a desenvolver um transtorno de ansiedade.

Exigências extremas e regras rígidas em casa

A inflexibilidade na parentalidade está muitas vezes associada à transmissão de expetativas extremamente elevadas relativamente ao desempenho escolar ou ao desempenho geral das crianças. Assim, a sobrecarga de obrigações e sua inadequada gestão emocional representam uma das causas mais comuns de ansiedade, tanto em adultos como em crianças.

Conflitos significativos na dinâmica familiar

O ambiente familiar é o primeiro agente socializador e onde os pequenos precisam se sentir seguros. Um contexto íntimo desfavorável, com presença de violência ou comunicação marcadamente disfuncional, afeta os pequenos. Dessa forma, seu estado emocional é alterado e os faz permanecer em estado de alerta permanente.

A superproteção é um dos grandes obstáculos no desenvolvimento saudável da autonomia e independência das crianças. Essa dinâmica transmite um medo excessivo e convence o pequeno de que não consegue resolver as situações sozinho.

Superproteção

Sem dúvida, o excesso de amparo diante das adversidades da vida intensifica a crença de que estar longe de casa é altamente arriscado. É então que surgem os medos excessivos e desproporcionais. A superproteção deixa consequências importantes, pois se transmite a crença de que a criança não é capaz de enfrentar sozinha situações problemáticas.

Exposição a eventos traumáticos

Assim como acontece com os adultos, a lembrança de uma experiência traumática desperta altos níveis de estresse, angústia e ansiedade. O transtorno de estresse pós-traumático pode ser desencadeado por qualquer evento que aconteça a si mesmo ou a terceiros. Isso, desde que se interprete que não se dispõe de recursos suficientes para elaborar emocionalmente aquela situação. A causa pode ser um acidente grave, a perda de um ente querido, algum tipo de abuso ou participação em um desastre natural, entre outros.

Quando procurar ajuda profissional?

Como podemos ver, a presença de ansiedade em crianças pode responder a uma simples resposta adaptativa ou dar conta de um problema mais complexo. Quero dizer, é natural que os pequenos mostrem algum nervosismo e preocupação de vez em quando. No entanto, quando a sensação se torna tão intensa que interfere em diversas áreas da vida, como no desenvolvimento escolar ou no aspecto social, é hora de consultar um profissional especializado.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bragado, C., Bersabé, R., & Carrasco, I. (1999). Factores de riesgo para los trastornos conductuales, de ansiedad, depresivos y de eliminación en niños y adolescentes. Psicothema11(4). https://www.redalyc.org/html/727/72711415/
  • Gold, A. (2006). Trastornos de ansiedad en niños. Archivos de Pediatría del Uruguay77(1), 34-38. Recuperado de http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1688 12492006000100008&lng=es&tlng=es.
  • Ochando Perales,G., & Peris Cancio, S.P. (2017). Actualización de la ansiedad en la edad pediátrica. Pediatría Integral 2017; XXI (1): 39–46.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.