Amamentar durante a gravidez é possível?

Amamentar durante a gravidez é possível?

Última atualização: 28 novembro, 2016

Pode acontecer da mulher engravidar mesmo sem ter parado de amamentar. Nessa hora surge a grande questão: é possível amamentar durante a gravidez?

A resposta a essa pergunta é incerta, pois na medicina não há um consenso. Por isso, em primeiro lugar neste texto, sugerimos a vocês que procurem um médico para que ele avalie qual é a recomendação para o seu caso em particular.

Por outro lado, sempre buscando oferecer informações pertinentes, vamos recapitular  as razões pelas quais as diferentes perspectivas se posicionam positiva ao negativamente quanto à questão.

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Por que sim e por que não?

Ter milhares de dúvidas e sentimentos conflitantes sobre a amamentação durante a gravidez é completamente normal e compreensível. Entretanto, a decisão de continuar ou não a dar o peito implica em conhecer os riscos, os benefícios e o nível de preparação em que se encontram cada criança e cada mãe.

A ocitocina liberada pela amamentação pode provocar um aborto?

Frente à essa questão e devido à diversidade de informação muitas mulheres se preocupam com a possibilidade de que a amamentação possa produzir contrações uterinas ao liberar ocitocina durante o processo.

Entretanto, a quantidade de ocitocina liberada geralmente é tão pequena que não é suficiente para causar um parto prematuro. De fato, de acordo com os especialistas essas contrações são inofensivas ao feto e raramente provocam um aborto espontâneo.

De acordo com a Associação Americana de Grávidas a amamentação durante a gravidez é segura. Entretanto, há alguns casos em que o desmame pode ser aconselhável:

  • Se for uma gravidez de alto risco ou se houver riscos de parto prematuro.
  • Se for uma gravidez de gêmeos.
  • Se tiver sido aconselhado evitar relações sexuais durante a gravidez.
  • Se houver sangramento ou dor na região do útero.

“Nesse sentido, a amamentação materna durante a gravidez não é prejudicial, mas cada caso deve ser observado e avaliado por um profissional da saúde devidamente capacitado.”

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A amamentação durante a gravidez pode causar anemia?

Há pontos de vista que colocam a possibilidade de deficiência de ferro como motivo principal para evitar a amamentação durante a gravidez. Essa perspectiva se fundamenta no fato de que as necessidades de ferro duplicam durante a gravidez devido ao ferro adicional que o organismo necessita para:

  • O crescimento do feto.
  • A formação da placenta.
  • A expansão da massa dos glóbulos vermelhos da mãe.
  • Compensar a perda de sangue durante o parto.

Além desses fatores, atualmente se analisa a relação entre o desequilíbrio do nível ideal de ferro e alguns transtornos que podem ocorrer na gravidez que afetam tanto a mãe como o feto. Esse é o caso da pré-eclâmpsia e da restrição do crescimento intrauterino. O último transtorno citado está associado ao desenvolvimento mental da criança.

Por isso, mesmo que não haja certeza absoluta desse fato, há um grupo de especialistas que acredita que é admissível o aumento do risco de anemia quando a amamentação materna continua durante toda a gravidez.

“Entretanto, isso pode ser minimizado por meio da ingestão de suplementos de ferro cotidianamente enquanto a questão ainda estiver sendo analisada.”

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Além disso, dentre os fatores pelos quais alguns especialistas defendem a interrupção da amamentação durante a gravidez está o fato de que as mulheres grávidas que amamentam ganham menos peso que as que param de amamentar durante a nova gravidez. ²

“Isso também acarreta uma diminuição nos níveis de hemoglobina no caso das mães que amamentam, fazendo com que voltemos à questão do nível de ferro que necessitamos².”

Quais outros problemas a amamentação durante a gravidez pode causar?

Além disso, algumas mulheres que amamentam durante a gravidez costumam apresentar doenças como dor nos mamilos, sensação de que a produção de leite é insuficiente e que o bebê não se sacia e, inclusive, apresentam náuseas. Mesmo que isso seja algo subjetivo, devemos prestar atenção para, ao menos, fornecer o apoio necessário.²

Nesse sentido, é importante analisar se nosso filho está preparado para o desmame, já que ainda é muito pequeno. Nesse ponto, devemos nos perguntar se o bebê está mamando para se alimentar ou por comodidade.

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Um especialista nos ajudará a analisar essa questão, já que a qualidade do nosso leite também pode diminuir. Também, há mulheres que temem que somar uma gravidez a um período de amamentação pode potencializar o cansaço inerente a essas duas situações. Isso é perfeitamente normal e, de fato, é recomendável avaliar.

E se eu decidir continuar com a amamentação durante a gravidez?

Se você decidir continuar com a amamentação durante a gravidez é importante que se alimente muito bem para garantir a saúde do filho que está mamando e do filho que ainda está para nascer.

As quantidades de calorias e de nutrientes que você necessita deverão ser estabelecidas juntamente com seu médico especialista, já que é importante analisar cada caso em particular, tanto sobre a questão das necessidades biológicas como em relação aos seus sentimentos como mãe, mulher e pessoa.

Referências consultadas

1 Moscone, S.R., & Moore, M.J. (1993) Breastfeeding during pregnancy. En Journal of Human Lactation.

2 Ahluwalia, I.B., Morrow, B., & Hsia, J. (2005) Why Do Women Stop Breastfeeding? Findings From the Pregnancy Risk Assessment and Monitoring System. Pediatrics, 116 (6)


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  • Binns C., Lee M., Low WY., The long term public health benefits of breastfeeding. Asia Pac J Public Health, 2016. 28 (1): 7-14.
  • He H., Qiao Y., Zhang Z., Wu Z., et al., Dual action of vitamin C in iron suplement therapeuitcs for iron deficiency anemia: prevention of liver damage induced by iron overload. Food Funct, 2018. 9 (10): 5390-5401.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.