O que faço se os avós não concordarem com a educação do meu filho?

Pais e avós podem discordar sobre o que é a parentalidade correta e gerar lutas de poder e estresse familiar. Descubra algumas dicas para lidar com essa situação.
O que faço se os avós não concordarem com a educação do meu filho?
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 16 abril, 2024

Pais e mães são os principais responsáveis pela criação de um filho. Eles estabelecem as rotinas, as orientações alimentares e, em geral, o funcionamento diário da casa. No entanto, é comum que outros membros da família tenham uma opinião e queiram intervir a esse respeito. Então, uma pergunta que pode surgir na maternidade é: “Como devo proceder se os avós não concordam com a educação do meu filho?”

O problema não é tanto que os avós tenham uma opinião ou visão diferente da dos pais, mas que tentem impô-la ou burlar a autoridade dos pais. No outro extremos, quando os avós aconselham ou apoiam os pais, eles ajudam a melhorar sua saúde emocional.

Lidando com as diferenças parentais

Essa é uma realidade que pode ser bastante incômoda para as partes, mas é bastante comum. De fato, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Infantil do CS Mott Children’s Hospital, pelo menos 4 em cada 10 pais relatam ter desentendimentos e desacordos com os avós a esse respeito.

Quais são os pontos de fricção mais comuns? Quais aspectos podem gerar tamanha diversidade de opiniões que ambos os lados acabam entrando em conflito? Pois bem, segundo a mesma pesquisa, estas são as divergências mais comuns entre pais e avós.

Disciplina

Esse é um aspecto da parentalidade que cada família aborda a partir de sua própria perspectiva. Os limites, as regras e os horários são estabelecidos pelos pais, mas os avós podem não achá-los adequados e se recusarem a segui-los.

Por um lado, alguns avós erram por serem permissivos e tolerantes e fogem das orientações dos pais por entenderem que seu papel é consentir ou por acharem que essas regras são muito rígidas. Outro ponto é que alguns avós podem achar os limites dos pais muito frouxos e que os filhos precisam de mais autoridade.



Alimentação

Nesse ponto, entram os hábitos alimentares diários bem como a permissão para comer lanches ou doces. Muitas famílias cuidam muito da alimentação dos filhos, tentando incutir hábitos saudáveis e uma atitude positiva em relação à alimentação, e os avós podem não se adaptar a essas ideias.

Talvez eles ofereçam aos filhos alimentos que os pais não permitem, em horários que não são apropriados ou ofereçam aos pequenos muitas alternativas quando eles não querem comer determinada refeição. Isso gera discussão por não seguir uma coerência com o que foi estabelecido pelos pais.

Tempo de tela

Quanto ao uso da televisão e das telas, algo semelhante acontece. Os avós mais permissivos podem permitir o consumo excessivo de tecnologia por parte de seus netos para agradá-los ou evitar discussões com eles, mesmo sabendo que os pais discordam. Outros, ao contrário, ficam chocados ao ver seus netos tão imersos em aparelhos eletrônicos e consideram que seu uso deveria ser restrito.

Boas maneiras

Embora pensemos que as boas maneiras são universais, a verdade é que existem alguns pontos em que diferentes gerações podem discordar. Tradicionalmente, o costume era incutir um maior respeito pela autoridade ou pelos mais velhos, e certos atos eram considerados inquestionáveis (por exemplo, pedir aos filhos que cumprimentassem com um beijo).

Hoje em dia, estilos parentais mais democráticos defendem tratar as crianças como iguais, oferecendo respeito mútuo e incentivando as crianças a estabelecer limites em relação a seus próprios corpos. O que, por exemplo, implica em não dar beijos por obrigação.

Saúde e segurança

A saúde e a segurança das crianças também causam divergências, pois antigamente as considerações eram diferentes. Por exemplo, aspectos como a posição em que se considera que um bebê dorme ou como ele deve ser colocado no carro variaram ao longo do tempo. Todas essas situações podem ser motivo de desentendimentos entre avós e pais.



O que faço se os avós não concordarem com a educação do meu filho?

Esses são apenas alguns pontos que podem causar rusgas entre pais e avós na educação das crianças, mas também há outros, como a hora de dormir ou a tendência de tratar alguns netos melhor do que outros. De qualquer forma, como podemos administrar essa situação? Compartilhamos algumas dicas sobre isso.

Entenda e tente ser empático

É aconselhável não encarar a situação como uma luta pelo poder, mas tentar entender a outra parte. Na maioria das vezes, os avós não agem de má fé. Eles fazem o melhor que sabem e podem ou apenas querem aproveitar o tempo com os netos. Neste ponto, como dissemos, a diferença entre gerações desempenha um papel importante, já que a maneira “correta” de proceder antes e agora é diferente.

Por exemplo, um estudo publicado na revista Social Science & Medicine descobriu que pais e avós têm uma definição diferente de alimentação saudável. E isso pode levar a divergências.

Além disso, os idosos podem não estar cientes dos novos estilos parentais, das últimas recomendações médicas ou das últimas medidas de segurança. Eles certamente veem o mundo de sua própria perspectiva mais tradicional, e entender isso desde o início pode ajudar você a lidar com determinadas situações.

Escolha suas batalhas

Tente analisar quais dessas divergências devem ser consideradas importantes e quais são menores. É verdade que para cada mãe e pai existem limites intransponíveis que não devem ser ultrapassados porque são centrais no seu estilo parental. Mas talvez outros aspectos não sejam tão relevantes ou possam ser um pouco mais flexíveis.

Por exemplo, você pode não se importar se seus filhos comem doces na casa dos avós se eles comerem bem todos os dias. Ou talvez você esteja disposto a deixá-los ir para a cama um pouco mais tarde nesses dias. Na realidade, é sua decisão definir onde você está disposto a ceder e onde não.



Comunique-se de forma assertiva

Se os avós não concordam com a paternidade, como você comunica o que precisa deles é ainda mais importante do que o que você vai dizer. Se você conseguir se expressar com firmeza, mas ao mesmo tempo com respeito, estará na metade do caminho.

Nesse sentido, você pode começar agradecendo o amor que dedicam a seus filhos e o tempo que dedicam a eles, e depois relatar alguns fatos objetivos que gostaria de mudar. Oferecer motivos claros e convincentes e depois perguntar o que eles pensam também ajudará a deixá-los mais dispostos a colaborar do que se apenas tentarmos nos impor.

Foco em soluções

Por fim, é melhor ir para a prática do que se perder em longas discussões teóricas. Assim, por exemplo, você pode recomendar livros ou programas de televisão que expliquem o seu estilo parental, recomendar locais onde comprar produtos orgânicos (se essa for a dieta que pretende para os seus filhos) ou mostrar como colocar o bebê para dormir.

Se os avós não concordarem, é necessário conversar

Em suma, se os avós não concordarem com a o estilo de educação que você defende, é importante resolver o problema o mais rapidamente possível, pois pode haver repercussões. De fato, de acordo com a pesquisa mencionada, esses conflitos entre pais e avós conduzem muitas vezes a que os primeiros limitem o tempo que os filhos passam com os segundos.

Além disso, como sugere um estudo publicado no Health Education Journal, possíveis desentendimentos entre avós e pais prejudicam a participação dos avós na educação dos pequenos, algo tão necessário para muitas famílias.

Portanto, é preferível dialogar, negociar e chegar a acordos, tendo em conta que todos procuramos o bem-estar da criança e que os avós são os principais provedores de cuidados infantis informais.

~ Rutter & Stocker, 2014. ~

Claro, lembre-se de que, como pais, você decide que tipo de educação e ambientes são mais apropriados para a criança e quais limites não podem ser ultrapassados.


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