O brincar como eixo metodológico na educação infantil

O brincar é a forma de expressão infantil por meio da qual as crianças se conectam com o ambiente e aprendem todos os dias. Dessa forma, tanto no contexto familiar quanto no escolar, brincar deve ser considerado algo fundamental para o bom crescimento e desenvolvimento das crianças.
O brincar como eixo metodológico na educação infantil
María Matilde

Escrito e verificado por a pedagoga María Matilde.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Na fase da infância, e mais especificamente no contexto educacional, o brincar como eixo metodológico é a base sobre a qual as atividades de ensino-aprendizagem das crianças são organizadas. Brincar incentiva a imaginação e a criatividade e permite que as crianças alcancem aprendizados significativos sem ter a consciência de que estão aprendendo, porque estão fazendo isso brincando.

Tipos de brincadeira

Há inúmeras brincadeiras que podem ser classificadas, por exemplo, de acordo com o espaço em que acontecem. Assim, existem brincadeiras que podem ser feitas em ambientes fechados, tais como jogos simbólicos ou de raciocínio e lógica, ou brincadeiras ao ar livre com objetivos mais relacionados ao desenvolvimento físico e motor.

Além disso, as brincadeiras podem ser classificadas dependendo de serem livres e espontâneas ou direcionadas. No primeiro caso, as crianças dão asas à criatividade e à imaginação. No segundo, é o educador que estabelece regras específicas em relação à maneira como a brincadeira deve ser, controlando sua realização.

Por outro lado, as brincadeiras também podem ser classificadas de acordo com o número de participantes. Existem brincadeiras individuais, como um quebra-cabeças, por exemplo, brincadeiras em duplas, tais como os jogos de mão e muitas outras brincadeiras nas quais mais de duas crianças podem participar.

As brincadeiras de acordo com as funções que ajudam a desenvolver

Além disso, as brincadeiras também variam de acordo com as funções exercidas durante o jogo e as características da atividade desenvolvida pelas crianças. Assim, as brincadeiras podem ser:

  • Para exercitar os sentidos. Por exemplo, identificar tamanhos e texturas ou escutar sons de animais ou da natureza.
  • Motoras. Envolvem movimentos como pular, correr, subir e descer, etc.
  • Manuais ou de construção e montagem. Para executar ações como prender, pressionar, espetar, enroscar, segurar, abotoar, esvaziar, encher, equilibrar, etc.
  • Simbólicas. Situações e cenas da vida real são imitadas, representando papéis, situações e pessoas.
brincar como eixo metodológico na educação infantil
  • Verbais. Nas quais a palavra é central, tais como enigmas, adivinhações, histórias, trava-línguas.
  • De raciocínio lógico. Brincadeiras como quebra-cabeças, tetris ou xadrez para crianças lançam as bases para o desenvolvimento da capacidade de cálculo por meio da assimilação de conceitos matemáticos como seriação, classificação e correspondência.
  • Para exercitar as relações espaciais. São brincadeiras geralmente feitas em espaços amplos, nas quais devem ser realizadas atividades que envolvam a discriminação de obstáculos, saídas, esconderijos, medidas e distâncias. 
  • Para exercitar relações temporais. Nessas brincadeiras, é possível aprender a diferenciar as estações do ano ou as partes do dia e a sua relação com as atividades que devem ser feitas. Por exemplo, de manhã você vai à escola e à tarde você toma o lanche.

Principais características do brincar como eixo metodológico

Como podemos ver, existe uma grande quantidade de brincadeiras. Essas brincadeiras podem ser classificadas de acordo com diversos critérios, mas, em resumo, seja qual for o tipo de brincadeira, todas compartilham características comuns e que definem a sua natureza. Suas características são:

  • Trata-se de uma maneira de interagir com o meio e com a realidade.
  • Seu objetivo é intrínseco. Não se brinca com nenhum outro objetivo.
  • É algo espontâneo, voluntário e motivador.
  • Permite que, durante a brincadeira, sejam desenvolvidas todas as capacidades tanto físicas quanto psíquicas do ser humano, contribuindo, assim, para a construção progressiva da identidade e autonomia.  
  • É um recurso educacional por excelência, pois favorece um aprendizado significativo e cada vez mais complexo. Permite a aquisição de habilidades e destrezas, padrões de comportamento e valores.
  • É uma fonte de prazer, satisfação, entretenimento e diversão.
  • Permite a livre expressão e manifestação das crianças, bem como dos seus sentimentos e estados de humor.
  • Cumpre uma função de compensação de desigualdades e de integração e, às vezes, de reabilitação.
  • Permite o relacionamento com os outros e favorece a socialização.
  • Desenvolve a fantasia, a imaginação e a imitação, permitindo, assim, que as crianças criem realidades ficcionais, colocando em jogo diferentes estratégias de atuação.
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O brincar como eixo metodológico na educação infantil

A etapa educacional denominada como infantil abrange as crianças desde o seu nascimento até os 6 anos de idade, e é organizada em dois ciclos. O primeiro vai até os 3 anos de idade, e o segundo vai dos 3 aos 6 anos.

Essa etapa educacional se refere a um período fundamental para o crescimento das crianças, no qual o nosso sistema educacional estabelece que o brincar seja o meio metodológico fundamental para organizar os processos de ensino-aprendizagem e a organização dos conteúdos.

O brincar como eixo metodológico tem a sua razão de ser porque permite o progresso gradual nas diferentes áreas do desenvolvimento infantil, social, emocional, cognitivo, físico e motor. Mais especificamente, o brincar nessa etapa educacional específica desenvolve as seguintes capacidades:

  • Linguística. Expandindo o vocabulário e melhorando a expressão oral e a compreensão.
  • Físico-cinestésica. Trabalhando a motricidade tanto grossa quanto fina e o domínio do esquema corporal.
  • Lógico-matemática. Por meio da resolução de problemas, da atenção e da memória.
  • Espacial e temporal. Exercitando a localização e a orientação, assim como a memória visual.
  • Musical. Por meio da classificação e da memória auditiva.
  • Interpessoal. Influenciando a cooperação, a comunicação, a solidariedade, o trabalho em equipe e a resolução de conflitos.
  • Intrapessoal. Por meio do trabalho com o gerenciamento de sentimentos e emoções, da autoestima, da autodisciplina, da autocrítica, da paciência e da responsabilidade.

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