Carta ao meu pai, homem que me deu a vida, mas não me quis

Carta ao meu pai, homem que me deu a vida, mas não me quis
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 10 novembro, 2017

“Pai, como você se chama?” Essa é a temida pergunta que eu me fiz e me fazem durante anos. Nunca cheguei a conhecê-lo nem soube por que me abandonou. Mas com esta carta ao meu pai eu pretendo mostrar que não guardo nenhum rancor.

Carta ao meu pai

Não sei a quem me dirigir pois não o conheço e também não sei seu nome. Não vou acusar você de nada, não se preocupe.

A única coisa que eu pretendo com esta carta é que se algum dia ele chegar a ler, eu gostaria que ele soubesse que o perdoo.

Perdoo por você nunca ter estado ao meu lado, por ter me abandonado sem qualquer explicação. Eu quero que saiba que a dor de não ter o meu pai ao meu lado me ajudou a ser uma mulher forte e a sair de situações difíceis por conta própria.

“Papai, senti muita falta da sua presença na minha vida,
Foram anos difíceis de se viver na sua ausência.
Eu quero que você saiba que eu sempre amarei você,
que o vivido não se esquece, mas se perdoa,
que as boas lembranças são preciosas “

– Anônimo –

Perdoo porque embora o vazio de um pai seja difícil de substituir, me ajudou a valorizar as pessoas que o preencheram. O vovô, a vovó e, claro, a mamãe que sempre foi a minha companheira.

Ela tomou seu lugar rapidamente criando seus filhos sozinha. Ela me acompanhou nos eventos da escola, trabalhou incansavelmente para não faltar nada em casa. Sim, agradeço a ela profundamente porque a mamãe foi a pessoa que tomou as rédeas e fez isso de uma maneira impecável.

Ela tem fotos e lembranças da minha infância que você nunca esteve. Ela sempre esteve lá por tudo e se orgulha de mim por todas as lembranças que construímos juntas. Com ela eu aprendi o que é o verdadeiro amor.

Eu também lhe perdoo porque o vovô tomou o seu lugar como pai e avô ao mesmo tempo. Ele já havia sido pai e não apenas em nome, mas em ações. Ele me ensinou a não guardar rancor e a aprender a perdoar, pois o rancor só destrói a pessoa e nunca ajuda a crescer.

Ele me ensinou que tudo não estava perdido pelo fato de eu não ter pai, ele me ajudou e me apoiou para crescer como uma mulher forte e confiante. Ele também me ensinou o que é ser feliz apesar de não ter você por perto. E uma coisa que ele nunca fez, e o agradeço por isso, é falar mal de você. Ele me mostrou com o exemplo a não sofrer por nada nem por ninguém e a agradecer pelas coisas que tenho.

avô e neta

Eu não o culpo porque a vovó me ensinou a respeitar os outros e a ser uma mulher autêntica para que outros também me respeitem. A não mentir para que não mintam para mim. E se ela tivesse que me dar um castigo para que eu aprendesse a lição, também o fazia.

Então, com esta carta ao meu pai que nunca esteve ao meu lado, quero deixar claro que você não fez falta no meu crescimento. Pude seguir com a minha vida e ir à escola, terminar o ensino médio e ir para a faculdade sem problemas. Você também me ajudou a saber como escolher o pai que eu quero para os meus filhos.

Estar sozinha sem a sua presença me motivou a buscar o sucesso e a aprender a seguir em frente. Quando olho em volta, vejo que consegui criar minha própria família e que as pessoas que fazem parte dela puderam preencher o vazio que você deixou.

“Você não poderia estar cheia de ódio e ser linda. Como qualquer menina, eu queria ser linda. Mas estava cheia de ódio “

-Alice Sebold-

Sua ausência me ensinou que o ódio não traz bons resultados. Portanto, consegui aprender a perdoar. Aprendi a lhe perdoar.

Carta ao meu pai, que me deu a vida, mas não me quis.


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