Como agir quando a criança rejeita um dos pais?
Feliz ou infelizmente, as crianças pequenas são transparentes quanto às suas intenções e preferências, pois ainda não entendem as normas sociais. No entanto, quando a criança rejeita um dos pais, este pode se sentir magoado, confuso ou preocupado.
Na verdade, não é incomum que, ao longo do seu desenvolvimento, a criança mostre certas preferências entre os seus pais, por diversos motivos. E, em muitos casos, é algo normal.
Se conhecermos os diferentes estágios evolutivos pelos quais os bebês e as crianças passam, poderemos entender melhor esse tipo de comportamento. No entanto, quando a rejeição é intensa e persistente, talvez existam razões importantes que não devemos ignorar. Por isso, vamos nos aprofundar nesse assunto nas linhas a seguir.
Por que a criança rejeita um dos pais?
O momento evolutivo
Desde o nascimento da criança até ela completar aproximadamente dois anos de idade, é estabelecido o vínculo de apego com a sua principal figura de referência, geralmente a mãe. Ela é a sua cuidadora principal, é quem fornece alimento, carinho e proteção.
Para o pequeno, esse vínculo é vital, pois ele depende dessa adulta para a sua sobrevivência. Por esse motivo, é comum que ele geralmente se sinta ansioso ao se separar dela e que demonstre tendência a rejeitar outras pessoas, até mesmo o próprio pai. Esse comportamento é mais frequente a partir dos oito meses e é algo esperado, que não representa um problema. Com o tempo, o bebê vai ganhando segurança e independência, e esse comportamento vai desaparecendo.
A chegada de um irmão
A rejeição também pode ser dirigida à mãe, especialmente após o nascimento de um segundo filho. O primogênito pode se sentir deslocado pelos cuidados que a mãe (logicamente) presta ao bebê.
Assim, ele pode reagir solicitando a presença e os cuidados do pai, e mostrando alguma desconfiança e relutância em relação à mãe. Assim como no caso anterior, à medida que a criança for crescendo, esse comportamento vai diminuir e ela voltará a ter um bom relacionamento com a mãe.
As dinâmicas familiares
Em outros casos, os adultos são os responsáveis quando uma criança rejeita um dos pais. É comum que isso aconteça em famílias nas quais um dos pais se encarrega quase totalmente do filho enquanto o outro está praticamente ausente, física ou emocionalmente. O vínculo desenvolvido com o primeiro é forte e intenso, enquanto com o segundo é quase nulo. Por isso, não é nenhuma surpresa que a criança prefira estar com o progenitor que dedica tempo e carinho a ela.
O oposto também pode acontecer. Às vezes, um dos pais passa o dia todo trabalhando fora e, quando chega, só quer brincar e se divertir com os filhos. Assim, ele delega toda a responsabilidade de impor limites e disciplina ao outro, que se torna, aos olhos da criança, o “policial mau”. Pode acontecer que, por esse motivo, a criança desenvolva uma certa preferência por quem nunca a repreende.
O apego inseguro
Por fim, é comum a criança rejeitar um dos pais quando não tiver sido estabelecido um vínculo seguro com ele. Se esse progenitor não foi capazes de atender às demandas físicas e emocionais do bebê de forma adequada, a confiança não terá se desenvolvido. Pelo mesmo motivo, é possível que a criança o rejeite.
Como agir quando a criança rejeita um dos pais?
Primeiramente, será necessário determinar qual é a causa da rejeição. Se for um problema de apego ou de dinâmica familiar, é conveniente que os pais façam as mudanças necessárias para resolvê-lo. Assim, é importante que ambos desenvolvam um apego seguro com a criança e trabalhem em equipe, ou seja, que ambos compartilhem tanto as responsabilidades quanto as brincadeiras.
Se a origem estiver em uma das duas primeiras causas que mencionamos, não é necessário se preocupar. É apenas mais uma parte do processo evolutivo da criança e basta dar tempo a ela.
No entanto, é importante que o pai “rejeitado” seja compreensivo e não veja a rejeição da criança como algo pessoal. É vital que ele não reaja ficando com raiva ou removendo o seu carinho pelo pequeno, e sim que seja capaz de agir normalmente e de minimizar esse comportamento infantil, enchendo o filho de amor, como sempre fez.
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