O que é a coparentalidade?

O que é a coparentalidade? Esse conceito soa familiar para você? Quais são as vantagens e as desvantagens dessa nova forma de entender a paternidade?
O que é a coparentalidade?
Laura Ruiz Mitjana

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

É inegável que a maternidade e a paternidade, os processos de parentalidade e as relações de casal, entre outros aspectos, tenham evoluído (e mudado) a uma velocidade vertiginosa ao longo dos anos. Por sua vez, a internet fomentou novas formas de se relacionar e até mesmo de compreender a paternidade e os relacionamentos. É o caso da coparentalidade, uma nova forma de ser pai e mãe.

Através desse fenômeno unem-se duas pessoas que querem ter filhos mas que, por X razões, não tiveram a oportunidade, não encontraram tempo ou uma pessoa específica para realizar esse desejo. Isso faz com que algumas delas recorram à coparentalidade, um fenômeno que consiste em ter um filho com alguém com quem você não tem um relacionamento.

De fato, existem cada vez mais sites onde é possível ser pai ou mãe usando esse novo conceito. Nesse sentido, existem páginas que permitem conhecer aquela pessoa que está na mesma situação que você e “dar um match” para realizar esse desejo comum.

Pai com o filho em um museu, fruto da coparentalidade.

Não queremos, de forma alguma, banalizar essa questão porque é algo delicado. Por isso, vamos aprender mais sobre o que consiste a coparentalidade e quais são os requisitos necessários para que esse processo se concretize e beneficie todas as partes (incluindo a criança em comum).

O que é a coparentalidade?

A coparentalidade é um fenômeno recente, ou uma forma inovadora de ser mãe e pai, que envolve duas pessoas se unindo com o único propósito de ter um filho juntas. Ou seja, são pessoas que não mantêm uma relação afetivo-sexual (não são um casal), mas que compartilham o mesmo desejo: ser pais.

Dessa forma, a coparentalidade implica a partilha dos direitos e das responsabilidades do pai e da mãe sobre os filhos. Assim, esse conceito separa a relação conjugal (ou casal) da concepção e criação. É um estilo parental totalmente novo, onde as crianças não nascem como resultado de um relacionamento de casal ou casamento.

Vantagens e desvantagens

Como possíveis vantagens da coparentalidade, você tem, de certa forma, mais liberdade, porque você é solteiro (ou não, mas é uma possibilidade), você tem 50% do tempo para você (dependendo do acordo com a outra pessoa), etc. Além disso, a criação de um filho pode ser algo muito flexível, se houver um bom entendimento com a outra pessoa.

Quanto aos inconvenientes, você tem que se coordenar muito bem com alguém que acabou de conhecer (pode ser também um amigo, dependendo de como esse processo tiver começado), muitas dúvidas e medos podem surgir, etc. Além disso, esse “vínculo” não se forma na família em termos mais tradicionais, ou seja, é uma relação um tanto peculiar nesse sentido.

O filho de uma relação de coparentalidade

Para muitos, especialmente aqueles com uma mentalidade mais tradicional ou clássica, esse novo conceito pode soar chocante. Como ter um filho com alguém com quem você não mantém um relacionamento? Como será a criação e a vida desse novo ser?

Em princípio, de acordo com alguns especialistas, se houver um bom clima entre os pais e ambos assumirem um compromisso real com a parentalidade, conflitos ou problemas não precisam aparecer (além dos “normais” ou habituais). Ou seja, é possível criar um filho de forma saudável por meio da coparentalidade, mas deve haver muita comunicação entre os responsáveis, além de uma boa coordenação.

“A maternidade/paternidade tem um efeito humanizador. Tudo se resume ao essencial.”

-Meryl Streep-

Quanto à coparentalidade…

O fenômeno da coparentalidade nasce como resultado das múltiplas mudanças que vão surgindo na sociedade de várias formas: mudanças na vida, na parentalidade, na concepção que temos de muitas coisas, nas relações, etc.

A liberdade social permitiu essa nova forma de parentalidade, mas também outros fenômenos em relação à maternidade e à criação dos filhos, como ter filhos fora do casamento, algo que há muitos anos, para os nossos avós, por exemplo, teria parecido impensável.

Assim, por meio da coparentalidade, duas pessoas se unem para ter um filho, sem que formem um casal. Para que isso funcione, sim, deve haver muita maturidade de ambos os lados, além de um grande comprometimento e a possibilidade de oferecer estabilidade a essa nova criatura.

É claro que ter um filho não é um capricho e que para tomar essa decisão é aconselhável refletir muito sobre o futuro que pode ser dado a esse novo ser, além do desejo de ser pai ou mãe.


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