Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson

O desenvolvimento da personalidade de acordo com a teoria psicossocial de Erikson envolve a resolução de conflitos vitais entre duas forças em tensão.
Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson

Última atualização: 26 dezembro, 2021

O desenvolvimento progressivo das pessoas sempre foi um tema de interesse para a psicologia. As diferentes correntes enfatizam um ou outro aspecto, e uma das propostas mais conhecidas é a de Erik Erikson, com sua Teoria do desenvolvimento psicossocial.

Um dos pontos mais interessantes que esse postulado incorpora é a visão psicossocial e a abordagem ampliada do desenvolvimento da personalidade ao longo do ciclo vital. Vamos ver do que se trata.

O que é a Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson?

Erikson destaca a ideia de que o desenvolvimento é um fenômeno progressivo, a partir do qual as pessoas passam por diferentes estágios para se tornarem o que são. A partir das 8 etapas sucessivas, descobrimos a identidade de si, alcançamos o reconhecimento de nós mesmos e estabelecemos uma interrelação com os outros.

Por sua vez, o autor afirma que cada uma dessas etapas propõe uma série de conflitos ou crises para os sujeitos. A resolução bem-sucedida desses conflitos permite que sejamos dotados de certas competências ou pontos fortes que servirão por toda a vida. Pelo contrário, a não resolução dos mesmos pode dar origem a certas dificuldades para enfrentar as adversidades no futuro.

Lâmpada na cabeça

Estágios da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial

As etapas que Erikson propõe caracterizam-se por manter uma relação de tensão entre duas forças de desenvolvimento, que desafiam os sujeitos a resolvê-las. As 4 primeiras focam na infância e as 4 restantes na adolescência e idade adulta.

Etapa 1: confiança básica versus desconfiança (0 a 18 meses)

Essa etapa é muito importante, pois a partir da relação com os pais e suas figuras de referência, a criança começa a estabelecer as bases para compreender as relações.

A partir das respostas que recebe, ela passa a acreditar que é importante e que suas necessidades serão atendidas. Além disso, aprende a se conhecer, a reconhecer e a dar importância aos seus sentimentos. Nessa idade, as bases do apego também começam a ser estabelecidas.

Etapa 2: autonomia versus vergonha e dúvida (entre 18 meses a 2 ou 3 anos)

Aqui a criança começa a ensaiar a tomada de decisões próprias. Ela exerce sua autonomia da exploração do mundo, bem como de seus primeiros “nãos”.

É importante que os pais evitem a superproteção e, em vez disso, estimulem a curiosidade que permite obter segurança.

Etapa 3: iniciativa versus culpa (3 a 6 anos)

A criança também põe em prática suas próprias iniciativas e é conveniente que sua curiosidade seja estimulada.

Cada vez mais, a criança começa a interagir com seus colegas à medida que internaliza certas normas de comportamento. Estas permitem que a criança saiba que é responsável por seu comportamento na frente de outras pessoas. Ou seja, ela pode machucar e fazer mal e, se fizer isso, deverá se desculpar.

Etapa 4: diligência versus inferioridade (5 a 13 anos)

Tarefas que exigem esforço se destacam aqui. Aos poucos, a brincadeira vai perdendo destaque e esse papel é transferido para atividades de maior comprometimento ou “mais produtivas”.

Nessa fase, é necessário manter um equilíbrio entre o próprio fazer e o que os outros esperam que você faça.

Por outro lado, nesse momento destaca-se a consolidação da autoestima frente à realização dos objetivos e o sentimento de inferioridade quando isso não acontece. Dessa forma, é muito importante acompanhar os pequenos em relação à tolerância à frustração e à gestão das emoções.

Etapa 5: identidade versus confusão de identidade (12-20 anos)

Nessa fase, a personalidade se fortalece, por isso a crise do momento está relacionada a “quem sou eu?”. Começam as tensões com os pais, à medida que o adolescente tenta responder por si mesmo e estabelecer seus gostos e interesses.

Etapa 6: intimidade versus isolamento ou amor (entre 20 e 30 anos)

Aqui se trata de estabelecer relações de proximidade versus distância com outras pessoas. Isso implica na possibilidade de se sentir à vontade com o outro e de sentir confiança nele. Aqueles que não conseguem resolver essa crise podem tender para relacionamentos superficiais.

Etapa 7: geração versus estagnação (30 a 50 anos)

Esse é um momento em que as pessoas pensam em passar mais tempo com a família, embora às vezes se perguntem se fizeram o suficiente ou se estão atrasadas em relação aos seus objetivos pessoais.

Etapa 8: integridade do eu e sabedoria versus desesperança (após os 50 anos)

Refere-se à possibilidade de o adulto olhar para o seu passado e presente com orgulho, com a capacidade de reconhecer a partir da sabedoria suas conquistas e fracassos. Quem não consegue superar esse conflito, fica atolado na amargura, na nostalgia e na falta de esperança pelo que não foi conquistado.

Dependendo de como foi o caminho e o desenvolvimento da força de si mesmo, será a forma como as pessoas conseguirão com as mudanças ligadas ao envelhecimento.

Neto apertando a mão de seu avô.

Alguns aspectos a ter em mente

Em primeiro lugar, Erikson não pensa em termos de opostos polares e exclusões. Portanto, é importante aprender a confiar, mas é igualmente importante estar atento a determinadas situações.

Uma das diferenças mais importantes entre as etapas de Erikson em relação às de Freud é que as primeiras não se limitam à adolescência, mas continuam na idade adulta. Isso tem uma razão de ser: o crescimento não estagnou nem parou, pois continua até o fim dos nossos dias.

Por sua vez, Erikson não se concentra apenas no desenvolvimento psicossexual como Freud, mas também inclui a dimensão psicossocial.

Uma abordagem abrangente que leva o social em consideração

Para além dos postulados de Erikson e da forma como organiza as etapas, vale destacar a abordagem epigenética proposta pelo autor. Esse olhar enfatiza o papel do indivíduo aliado ao social para o desenvolvimento integral das pessoas. Ou seja, nos convida a compreender os sujeitos dentro do seu contexto, com todas as potencialidades e fragilidades que isso pode trazer. Sem dúvida, é um modelo mais próximo e completo da realidade humana.


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  • Bordignon, Nelso Antonio (2005). El desarrollo psicosocial de Eric Erikson. El diagrama epigenético del adulto. Revista Lasallista de Investigación, 2(2),50-63.[fecha de Consulta 10 de Noviembre de 2021]. ISSN: 1794-4449. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=69520210
  • Erikson, Erik. (1968, 1974). Identidad, Juventud y Crisis. Buenos Aires: Editorial Paidós.

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