Ensinar menos, aprender mais: o movimento que prepara as crianças para a vida

É possível reduzir o horário escolar e a carga de trabalho das crianças e ainda melhorar seus resultados. Conheça o lema "ensinar menos, aprender mais" e as suas propostas educativas.
Ensinar menos, aprender mais: o movimento que prepara as crianças para a vida
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 25 março, 2023

Tradicionalmente, a escola sempre foi um espaço de transmissão de conhecimentos, principalmente teóricos. Aspectos como emoções, atitudes ou valores foram relegados ao nível da educação informal e não eram bem atendidos em sala de aula. No entanto, no mundo de hoje, oferecer um currículo de conteúdo não é suficiente: as crianças precisam estar preparadas para a vida. É com este objetivo que surge o projeto “Ensinar menos, aprender mais”.

Este foi o mote de uma reforma educacional implementada em Singapura em 2006 com o objetivo de melhorar a eficácia do ensino. A questão é que passar mais horas em sala de aula e aumentar o conteúdo acadêmico não é necessariamente a melhor estratégia. O segredo é ensinar as crianças a “aprender a aprender” e a aproveitar bem o tempo que passam na escola.

Ensinar menos, aprender mais: em que consiste esta proposta?

Embora pareça paradoxal, é realmente possível ensinar menos e aprender mais. Isso se refletiu em avaliações realizadas para comparar os sistemas educacionais de diferentes países, como o relatório PISA. Na Espanha, os alunos passam muito mais tempo em sala de aula do que a média europeia, mas seus resultados não são os melhores.

Por outro lado, em outros países, como a Finlândia ou a Coreia do Sul, os professores lecionam menos horas de aula por ano e seus sistemas educacionais estão entre os que apresentam as melhores pontuações. As horas de ensino podem ser reduzidas se a ênfase for colocada em seu bom uso e em ter um significado real para a aprendizagem. Em suma, o que se busca é tornar o ensino mais eficiente e otimizado.

A filosofia “ensinar menos, aprender mais” busca não sobrecarregar os pequenos com tarefas extracurriculares, e sim que o aprendizado ocorra na escola melhorando a qualidade dos conteúdos.

Menos carga de trabalho

Reduzir o conteúdo curricular e a carga horária dos alunos é uma das premissas. Desta forma, decide-se não sobrecarregá-los com informações ou com tarefas escolares ou atividades extracurriculares. Em vez disso, trata-se de fazer uma boa seleção de conteúdo.

Flexibilidade

As escolas devem se alinhar em direção a objetivos comuns, mas cada sala de aula e cada professor tem liberdade e flexibilidade para inovar no que e como é ensinado. Assim, a pedagogia pode ser adaptada às necessidades particulares de cada grupo de crianças.

Bons professores

É importante fazer uma boa seleção dos professores e dignificar o seu trabalho. Escolher os melhores e dotá-los de recursos suficientes para realizar seu trabalho é essencial. Dessa forma, saber que os professores possuem as habilidades necessárias garante que o aprendizado ocorra principalmente dentro da sala de aula, o que é ótimo.

Atenção às emoções

As emoções são consideradas como uma parte crucial do processo de aprendizagem. Para isso, devem ser criados ambientes positivos e estimulantes nas salas de aula, que fomentem o entusiasmo e o interesse e permitam aos alunos desfrutar do processo.

Sob o lema “ensinar menos, aprender mais”, pretende-se motivar os alunos, seduzi-los e despertar a sua curiosidade e vontade de aprender.

Meta aprendizagem

Como dissemos, a chave principal da proposta “ensinar menos, aprender mais” é focar em ajudar as crianças a “aprender a aprender”. Assim, não se trata tanto de oferecer conteúdos particulares de disciplinas específicas que logo se tornarão obsoletas. Pelo contrário, procura dotá-los de ferramentas e recursos pessoais para que possam continuar aprendendo ao longo de suas vidas.

Sob esta premissa, a ênfase é colocada no desenvolvimento de aspectos como os seguintes:

  • Inculcar valores e atitudes úteis e funcionais.
  • Desenvolver o pensamento crítico, a capacidade analítica e a capacidade de argumentação.
  • Gerar, desenvolver ou adquirir estratégias próprias de aprendizagem, que possam ser aplicadas e diferentes contextos e utilizar sempre que necessário.
  • Promover a criatividade, a originalidade e a capacidade de encontrar soluções inovadoras para diferentes problemas.
  • Priorizar a motivação para aprender e a orientação para o sucesso, para que os alunos gostem de aprender e continuem a fazer isso fora do período letivo.
  • Trabalhar tolerância à frustração, perseverança e resiliência.
  • Construir uma boa autoconfiança e autoestima.
  • Formar alunos autônomos que saibam agir por conta própria e não apenas seguir ordens e orientações.

Preparar as crianças para a vida

Em suma, este lema consegue que os professores ensinem menos horas e os alunos passem menos tempo estudando, mas que os resultados sejam muito superiores. A verdade é que investem na qualidade do ensino e utilizam métodos rigorosos para torná-lo mais eficiente. Assim, os benefícios são observados nos resultados acadêmicos e na satisfação durante o período escolar. Mas, além disso, as crianças são preparadas para a vida.

Se há décadas era comum conseguir um emprego e mantê-lo por toda a vida, hoje o ambiente é mutável, incerto e cada vez mais exigente. Esses alunos, ao crescer, terão que enfrentar novas situações para as quais não foram especificamente preparados na escola. No entanto, eles terão atitude, valores e estratégias pessoais para poder agir. Este é realmente o ganho real e o grande objetivo.


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