Ensine os seus filhos a não levar nada para o lado pessoal

Diante de uma crítica ou palavrão, as crianças podem se sentir ofendidas e reagir de forma agressiva. Ensiná-las a não levar nada para o lado pessoal vai contribuir para a sua felicidade pessoal e social.
Ensine os seus filhos a não levar nada para o lado pessoal
Elena Sanz Martín

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz Martín.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Parte do trabalho dos pais é dar aos filhos ferramentas para que sejam capazes de lidar com as diferentes situações que vão encontrar ao longo da vida. Afinal, embora nem sempre consigam controlar o que acontece com as crianças, em todos os momentos os pais podem decidir como reagir diante dos acontecimentos, e esse será o seu grande poder. É por isso que é realmente importante ensinar as crianças a não levar nada para o lado pessoal.

Essa é uma tarefa difícil até mesmo para os adultos. Ficamos ofendidos diante de palavras ou ações dos outros e reagimos de forma exagerada. Por isso, se quisermos evitar a transmissão desse tipo de comportamento para os nossos filhos, devemos começar a nos conscientizar da sua importância.

Miguel Ruiz, em seu livro Los cuatro acuerdos,(Os quatro acordos, em tradução livre), convida o leitor a não levar nada para o lado pessoal e afirma que essa mudança de atitude será benéfica para a sua vida pessoal e social. Da mesma forma, essa habilidade pode ser muito útil para as crianças e adolescentes por diversos motivos.

Por que ensinar os seus filhos a não levar nada para o lado pessoal?

Ensine os seus filhos a não levar nada para o lado pessoal

Não é pessoal

Em primeiro lugar, as crianças precisam ser ensinadas a não levar nada para o lado pessoal porque, de fato, não se trata de algo pessoal. Os comentários e as ações de uma pessoa falam dela mesma e não da pessoa a quem ela se dirige.

Ninguém pode dar o que não tem e, por isso, tudo o  que o outro faz ou diz é apenas um reflexo do seu próprio interior. Quem se sente amado ama. Quem se sente feliz contribui para a felicidade dos outros. E, da mesma forma, quem está ferido machuca e quem se sente inseguro amedronta os outros.

Se um amigo trair o seu filho, ele deve entender que isso fala do amigo, dos seus valores, e não dele mesmo. Ele não deve se questionar o que fez para merecer isso nem se perguntar por que ele não foi bom o suficiente ou como poderia ter evitado o fato. Não se trata de algo pessoal, não há nada de errado com ele. As ações dos outros falam apenas dos outros.

Recuperar o seu poder

O autocontrole é uma das habilidades que as crianças vão adquirindo ao longo do seu crescimento. A princípio, superar os impulsos, refletir ou administrar os estados emocionais intensos são tarefas que serão muito difíceis. No entanto, ensiná-las a agir em vez de reagir é um aprendizado realmente valioso.

Quando alguém faz um comentário provocativo ou simplesmente desagradável, até mesmo os adultos têm dificuldade para não saltar como uma onça e se defender.

Para crianças e jovens, essa falta de reflexão é ainda mais comum, o que pode levá-las a entrar em conflitos e discussões com irmãos ou colegas. Por isso, é importante fazer com que elas entendam que, quando reagimos, estamos dando ao outro o poder de decidir sobre as nossas ações.

Talvez o seu filho seja gentil, compreensivo e educado, mas, diante de uma provocação, ele acaba se defendendo no mesmo nível do adversário. Ou seja, ele reproduz comportamentos que nunca teria praticado por si próprio e com os quais não está de acordo, mas que não é capaz de evitar ao se sentir ofendido.

Se as crianças aprenderem a não levar nada para o lado pessoal, elas serão capazes de ficar calmas o suficiente para decidir como querem responder, em vez de simplesmente reagir de forma automática e exagerada.

Ensine os seus filhos a não levar nada para o lado pessoal

Não levar nada para o lado pessoal protege a sua identidade

Principalmente com a chegada da puberdade, os jovens passam a dar grande valor às opiniões e comentários dos pares, o que faz com que fiquem vulneráveis ​​se não tiverem uma autoestima forte o suficiente.

É importante que eles entendam que, se alguém disser: “Você é muito magro” ou “Você é chato”, essas pessoas estarão falando de acordo com as suas próprias crenças e não necessariamente têm razão. Se alguém os trata mal, é por causa da “maldade” do outro e não porque eles mereçam isso de alguma forma.

Não podemos controlar as ações dos outros, mas podemos escolher o que fazer a respeito. Se uma pessoa tentar dar um presente a alguém e este for rejeitado, o presente continua pertencendo à pessoa que o comprou.

A mesma coisa acontece com as críticas ou os maus-tratos: se não forem aceitos, se você entender que eles têm a ver com o outro e não com você, eles continuarão pertencendo ao outro. Vamos ajudar as crianças para que isso seja entendido desde cedo.


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