Meu filho não sabe compartilhar

Meu filho não sabe compartilhar
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Quando chegamos a certa idade aprendemos a aproveitar o prazer de compartilhar. A alegria de dividir com os demais tempera nossas vidas, mas é preciso insistir em que é necessário ter certo grau de amadurecimento para compreender o divino que é esse ato. Seu filho aprenderá a fazê-lo, não se preocupe. Quem sabe agora custe muito para ele, como para todas as crianças, mas dê um tempo a ele e o oriente para ter resultados maravilhosos.

Muitos pais falam com total preocupação: meu filho não sabe dividir. Alguns se sentem um pouco frustrados e ignoram o normal que é o fato de que as crianças não queiram dividir seus pertences, sobretudo se eles têm entre 18 meses e dois anos de idade.

À essa preocupação se acrescenta a confusão que experimentam ao não saber o que fazer quando isso ocorre. Por isso, muitas vezes obrigam a criança a compartilhar seus brinquedos; entretanto essa atitude causa o efeito contrário na criança, que pode segurar ainda mais forte o objeto, com obstinação.

Por isso, antes de obrigar seu filho a compartilhar é bom levar alguns aspectos em consideração. Em primeiro lugar é preciso saber que dividir é uma ação que requer confiança, empatia e segurança, e esses princípios  funcionam da mesma maneira que para nós, os adultos.

Compartilhamos com pessoas em quem confiamos e isso é um fato. Os adultos, por mais altruístas que sejamos, devemos reconhecer que não compartilhamos todos os nossos pertences nem nossos sentimentos com qualquer pessoa; então por que acreditar que com as crianças deve ser diferente?

Dividir requer confiança

Entre os 18 meses e os dois anos de idade as relações sociais com as crianças da mesma idade costumam ser bastante instáveis, porque se formam e se dissolvem com muita facilidade.

As amizades que seu filho faz ainda que sejam frutíferas, são pouco duradouras porque se extinguem à medida que se impossibilita o contato com essa criança. Também a maioria de suas amizades resultam ser substituíveis, pois nessa idade as crianças mudam com muita frequência de companheiros de brincadeiras.

Porém, além disso, seu filho enfrenta outra dificuldade crucial, pois como ainda não sabe falar muito bem, carece das habilidades linguísticas para estabelecer certos acordos; e para compartilhar objetos definitivamente é necessário chegar a certos acordos como, por exemplo “eu lhe empresto meu carrinho, mas depois você me devolve”.

Essas circunstâncias próprias da idade da criança dificultam que ela confie em outra criança para querer dividir com ela seus pertences. Entretanto, como você sabe, essa situação não será eterna, pois mudará à medida que ela vá crescendo e adquirindo habilidades.

Quando seu filho tem entre 3 e 5 anos de idade, as relações com as crianças da sua idade começam a ser mais estáveis, já vai à escola e pode falar com mais fluência. Além disso, o sentido da amizade vai se desenvolvendo com mais raízes, e a sua linguagem vai se enriquecendo a cada dia. Todas essas capacidades que evoluem de maneira gradual o capacitam à compartilhar seus pertences com quem ele considere seus amigos.

Levando todos esses aspectos em consideração, é de suma importância que você evite obrigar seu filho a dividir suas coisas com outras pessoas ou crianças. Se não é sua vontade não o obrigue, pois, quem sabe, ele ainda não está preparado para isso.

Assim, quando você compreende a situação em todas as suas dimensões e não o obriga a fazer algo que não queira, estará contribuindo para que ele defenda seu espaço pessoal, a que aprenda a dizer não e se autoafirmar. Seu filho deve aprender todos aspectos de maneira pacífica e sem agressividade, e nesse âmbito sua intervenção e orientação como mãe é fundamental.

Confiar é crucial para poder compartilhar

Encontre um meio termo para não obrigar as crianças a aceitar interações com outras pessoas ou adultos quando não o desejem. Não é saudável ensiná-los a dizer “sim” a tudo, mas contra sua vontade. O mais sensato é que aprendam a dizer que “não” sem ser ofensivos nem inadequados.

Aplicando esses conceitos você estará ajudando seu filho a desenvolver estratégias de autoafirmação, decisão e autocuidado; assim quando forem maiores e tenham de enfrentar alguma situação incômoda ou perigosa, saberão dizer  não, porque desenvolveram as habilidades necessárias para isso.

E ainda que pareça contraditório, isso não tem nada a ver com a ideia que você esteja fomentando para que seu filho não aprenda a compartilhar.  O ideal é que o acompanhe em seu processo de desenvolvimento social, que aprenda junto de você a ser capaz de dividir. Ele o fará, confie nisso, mas você deve respeitar seu ritmo e suas preferências pessoais.

É importante que durante este processo você ensine a seu filho a importância de respeitar o bem-estar dos demais. Como se faz isso? Conversando… é crucial que ele compreenda que quando outra criança não quer emprestar suas coisas, devemos respeitá-la; tal como são respeitadas as suas decisões, devem ser respeitadas as dos demais.

Você verá que com o passar do tempo seu filho compartilhará seus brinquedos com determinadas pessoas e em certos momentos. O melhor que você pode fazer é observá-lo para poder determinar em que circunstâncias e com quais crianças ele sente confiança suficiente para dividir suas coisas, assim poderá ajudar no ato de compartilhar com maior facilidade.

Você pode reforçar o valor de compartilhar dizendo a ele que está correto que os demais usem suas coisas, e que também é correto cuidar e zelar para que os demais também zelem. Com o tempo, seu filho irá descobrindo que compartilhar é uma atividade própria da natureza do ser humano. Todos nós gostamos de compartilhar conteúdos nas redes sociais, uma boa comida com as pessoas queridas, uma conversa, e um café com um grande amigo…


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.