A importância dos hobbies para as crianças

Para que as crianças se sintam seguras e motivadas a descobrir seus próprios hobbies, é importante que possamos discutir e respeitar seus interesses e decisões.

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 13 abril, 2023

Os hobbies e o lazer nos permitem usar o tempo de outra maneira. Além do dever de casa, das avaliações e do horário escolar, é bom quando as crianças têm outros interesses. Os hobbies não são apenas uma “válvula de escape”, mas trazem muitos benefícios. Vamos ver o que são eles.

Benefícios dos hobbies para as crianças

Além do entretenimento que proporcionam às crianças e de mantê-las longe das telas, há outros benefícios para as crianças que têm hobbies. Alguns deles são os seguintes:

• Permite que elas explorem outros interesses, usos do tempo e até mesmo descubram talentos que não sabiam que tinham.
• Ajuda a aliviar o estresse. Muitas pessoas acreditam que o estresse é incompatível com a infância. No entanto, não é assim. A todo momento encontramos casos cada vez mais precoces por diversos motivos, como obrigações, agendas adultas ou o ritmo vertiginoso com que vivemos hoje.
• Constitui fontes de aprendizagem e criatividade de forma mais livre e menos regulada. Inclusive reforça outras habilidades, como manter o foco ou iniciar e terminar uma atividade, entre outras.
• Contribui para a autoestima. Isso ocorre porque as crianças se sentem úteis e valiosas fazendo algo de que gostam. Ao mesmo tempo, elas sentem a satisfação da conquista, o que as deixa mais confiantes. Aos poucos, elas querem crescer nessa atividade, se aprimorar e se capacitar. Sem dúvida, influencia a maneira como elas se veem e se sentem.
• Permite estabelecer relações e contatos com outras pessoas. Ter um hobby e desenvolvê-lo na companhia de outras crianças lhes dá a possibilidade de interagir com os seus pares e com quem partilha este hobby. Nessa atividade, elas colocam em prática múltiplas habilidades sociais e psicológicas. Para além de os hobbies poderem ser individuais, têm sempre uma componente social, através do qual os pequenos aprendem a se relacionar, a respeitar regras e, por vezes, a trabalhar em equipe.
• Facilita o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e contribui para a construção da identidade.

Recomendações para apoiar os hobbies das crianças

Algumas dicas que podemos levar em conta para acompanhar nossos filhos no desenvolvimento de seus hobbies são as seguintes:

Ouça as crianças e converse com elas 

Todos os hobbies têm seus desafios, suas alegrias e suas dores. Por isso, é importante ouvir as crianças, saber o que elas sentem e quais são seus objetivos. Além disso, oferecer apoio e dialogar com elas certamente fortalecerá o vínculo com o adulto.

Seja flexível

Embora seja verdade que os hobbies exigem perseverança e comprometimento para que possam ser desenvolvidos e se possa tirar proveito de seu poder, é igualmente importante que possamos ser flexíveis às vezes. Por exemplo, se um dia a criança lhe disser que não quer ir patinar porque está muito cansada, você pode entender e permitir. A ideia é que a criança possa curtir seu hobby e que isso não signifique sacrifício ou punição.

Ensine que elas podem mudar

Muitas crianças, depois de algum tempo praticando uma atividade ou esporte, não querem desistir por sentirem pena ou culpa. Também porque acreditam que seus pais podem ficar com raiva. No entanto, é importante permitir que as crianças façam qualquer atividade e não apenas uma específica. O ideal é que elas possam desenvolver sua paixão e interesse pelo que gostam, já que nossos gostos e interesses podem mudar com o tempo.

Encoraje a explorar

Em relação ao ponto anterior, é importante que você saiba que nem sempre encontramos logo de cara um hobby ou um grupo. Às vezes é difícil deixar ir ou se sentir confortável. Nesse sentido, não é necessário que as crianças “casem” com um lugar ou um hobby sem deixar espaço para que nos contem e possamos buscar outras opções junto com elas.

Ser facilitadores

Para que uma criança desenvolva um hobby, ela precisa inicialmente de alguém para apoiá-la. Nesse sentido, os adultos terão que dedicar tempo e esforço para levá-la a algum lugar, por exemplo. Você ainda terá que assumir algumas despesas.

Hobby, não obrigação

Por fim, é importante não impor a lógica do mundo adulto à da infância. Antes de tudo, devemos ouvir o que a criança quer fazer e permitir que ela expresse seus gostos e interesses. Em segundo lugar, devemos estar atentos ao nosso próprio comportamento. Muitas vezes, regulamos e cobramos das crianças em relação aos seus hobbies, de forma que elas acabam perdendo o gosto pelo que fazem. Um hobby é um hobby, não um trabalho.

Às vezes, quando o pequeno está indo muito bem no que faz, os adultos buscam um benefício secundário: que ele se destaque, que comece a treinar mais e que participe de torneios. Então, o que era secundário agora ocupa o centro do palco e a desconexão e o prazer, que eram a essência central do hobby, ficam para trás.

Por fim, também teremos que esquecer os hobbies que projetamos em nossos filhos. Muitas vezes, imaginamos que eles jogariam futebol como nós ou se interessariam por arte, mas na realidade, eles podem estar mais interessados em pescar, por exemplo.

Nesse sentido, não devemos impor nossos próprios gostos. É sobre sermos capazes de deixar as crianças em paz e fazer o que elas escolherem. Ao mesmo tempo, teremos que aceitar que nem sempre elas vão querer seguir o nosso caminho ou corresponder às nossas expectativas.