O luto após um aborto espontâneo

Um aborto deve ser superado com serenidade e o apoio dos entes queridos. Não se deve esquecer do que aconteceu, mas é preciso se dar o tempo necessário para processar e seguir em frente.
O luto após um aborto espontâneo
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 24 abril, 2019

O luto após um aborto espontâneo é um estágio realmente difícil. Uma situação como essa pode devastar uma pessoa tanto emocional quanto mentalmente. Depois de ter criado grandes expectativas com muitas emoções envolvidas, quando o nascimento de um bebê não se completa, é difícil entender e aceitar.

O que era visto como alegria e felicidade com a futura chegada do bebê, se transforma em tristeza e desolação. O vazio deixado pela perda é grande e difícil de superar sem a ajuda apropriada. É, sem dúvida, um dos momentos mais difíceis que uma mulher pode enfrentar ao longo de sua vida.

Os abortos espontâneos são difíceis de lidar porque nem sempre são previsíveis. Além disso, há certas circunstâncias que podem propiciar os abortos espontâneos. Por exemplo, as mulheres diabéticas devem ser submetidas a estudos periódicos e cuidados especiais para evitar que isso aconteça.

Da mesma forma, pode ocorrer devido a anomalias anatômicas no útero. Irregularidades na forma ou no tamanho, duplicação cervical ou suprimento de sangue inadequado também estão incluídos nessa categoria.

Por sua vez, problemas genéticos ou cromossômicos também são outros desencadeadores de abortos espontâneos, bem como problemas na tireoide.

Sentimentos após um aborto espontâneo

Por qualquer uma das razões acima, um aborto espontâneo pode dar fim a um processo de muitas semanas cheias de preparação, alegria e esperança. Por isso, é de se esperar que a mãe se sinta vazia, deprimida e profundamente triste depois de um acontecimento do gênero.

Toda a alegria e a esperança de que a chegada desse ser especial trazia à sua vida é subitamente interrompida por uma dor profunda e incessante. Assim, durante o luto após um aborto espontâneo, a mulher pode se deparar com os seguintes sentimentos:

Culpa

A culpa é uma sensação muito comum depois de um aborto. Tanto a mulher quanto o parceiro podem se sentir responsáveis ​​pelo que aconteceu, inclusive por coisas que eles sabem que não podem ser evitadas, como falhas genéticas.

Portanto, é possível que a mulher sinta que ela não cuidou o suficiente de si mesma ou que ela não pode oferecer um lugar adequado para o bebê se desenvolver.

O importante é se permitir viver o luto. Com o tempo, os sentimentos negativos diminuirão e o casal terá a chance de reconstruir suas vidas.

O luto após um aborto pode gerar culpa.

Tristeza

É lógico que você se sinta triste porque está lidando com um acontecimento irremediavelmente doloroso. É compreensível que a mulher se sinta abatida, angustiada e triste.

Nesses casos, o apoio do parceiro, da família e do círculo social são fundamentais. Além disso, é ideal que os amigos mais íntimos garantam que a mulher não sofra de uma depressão crônica ou muito profunda. Em todo caso, ajuda e acompanhamento psicológico nunca são demais.

Conflitos

As necessidades do casal podem diferir nesse momento. E isso se reflete em todas as áreas: atividade sexual, trabalho, planejamento familiar e até em questões cotidianas. Nessas circunstâncias, é imprescindível respeitar o tempo do outro.

Não tem por que se apressar e tentar resolver tudo de uma vez, como dar embora ou guardar tudo o que foi comprado para o bebê. Tudo tem o seu tempo. E, o mais importante, não se esqueça de que com união e força mútua vocês conseguirão superar da melhor forma.

Negação

O luto após um aborto espontâneo é um processo estressante, que gera muito desgaste emocional, psicológico e físico. Isso pode levar o casal, especialmente a mãe, a se sentir incapaz de retomar a sua vida cotidiana.

Pode ser muito difícil retornar ao trabalho, às atividades recreativas, ao contato social e, acima de tudo, à vida sexual. Mais uma vez, é preciso ser paciente: o tempo vai curar as feridas.

A síndrome pós-aborto é caracterizada por uma tristeza inconsolável nas mulheres.

Como lidar com o luto após um aborto espontâneo?

Em primeiro lugar, é necessário lembrar que nem todas as pessoas são iguais e, portanto, o luto após um aborto espontâneo pode ser vivido de maneiras diferentes.

No entanto, é preciso levar em consideração algumas recomendações ao enfrentar um processo tão doloroso:

  • Comunicação: tanto entre o casal quanto com relação às pessoas mais próximas, a mulher deve exteriorizar as suas emoções. É preciso escutar e consolar.
  • Tato: frases como “você é jovem, ainda pode ter outro bebê” são o oposto do que a mulher vai querer escutar nesse momento. Afinal, trata-se de um luto e você deve agir adequadamente.
  • Verdade: embora haja certo tabu em torno dessa questão, não é aconselhável esconder o que aconteceu. Se houver outras crianças na família, é melhor contar o que aconteceu com o irmão mais novo. Isto é, claro, de um jeito apropriado para a idade de cada criança.

Por fim, e embora pareça clichê, é melhor deixar que o tempo cure as feridas e coloque tudo em seu lugar. Não é sensato tomar decisões nesse momento. Recuperar a estabilidade deve ser prioridade para aceitar e superar o que aconteceu, para enfim retomar as forças e seguir o caminho.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.