O que é uma gravidez psicológica?
A gravidez psicológica, também chamada de pseudociese, constitui uma síndrome muito particular na qual a mulher não apenas acredita que está esperando um bebê, como também manifesta os sintomas disso. No entanto, o quão comum é essa condição? Quais são as maneiras de detectá-la?
Em primeiro lugar, vale a pena trazer números para a discussão a fim de destacar a escassa frequência da gravidez psicológica. Apenas 1 em cada 22 mil mulheres sofre desse problema. É um número extremamente baixo, especialmente se considerarmos que pode afetar qualquer mulher entre os 20 e os 40 anos, ou até mais.
Não devemos confundir a gravidez psicológica com o delírio de gravidez. Esta última patologia é caracterizada por não apresentar sintomas físicos e é tratada com antipsicóticos. Enquanto isso, na gravidez psicológica, a mulher realmente tem sintomas de gravidez.
Por que a gravidez psicológica ocorre?
Assim como a figura da mulher, o surgimento dessa patologia vem mudando com o passar do tempo. Nos séculos passados, o papel das mulheres na sociedade era quase exclusivamente limitado a ter filhos. Portanto, esta era uma preocupação central para muitas delas.
Em contraste, os interesses e os objetivos de vida mudaram atualmente. Por isso, a gravidez não representa mais um desejo central para todas as mulheres.
Causas possíveis
O gatilho mais óbvio da gravidez psicológica é o desejo excessivo por parte de algumas mulheres de se tornar mãe. Muitas delas até mesmo veem a gravidez como uma condição necessária para reafirmar a vida com o parceiro ou para salvar uma crise conjugal. O anseio por um bebê é tão grande que elas acabam “fabricando” um.
Da mesma forma, grandes pressões sociais ou familiares também podem influenciar. Outros possíveis gatilhos são os que vamos citar a seguir:
- Infertilidade: mulheres que têm complicações para engravidar podem ficar obcecadas com o assunto e ter uma gravidez utópica. Também pode acontecer com aquelas que sofreram um ou vários abortos espontâneos.
- Menopausa precoce: a desregulação hormonal causada por essa condição, que implica a impossibilidade de ter outro bebê, também é uma causa possível.
- Medo de engravidar: é mais comum em mulheres jovens, geralmente inexperientes quanto às relações sexuais.
- Depressão: sentimentos de solidão ou passar por um momento de grande estresse emocional pode causar esse distúrbio.
- Abuso sexual na infância ou adolescência: a gravidez psicológica pode aparecer como uma sequela dessas experiências traumáticas.
“O gatilho mais óbvio da gravidez psicológica é o desejo excessivo por parte de algumas mulheres de se tornar mãe.”
Sintomas de gravidez psicológica
A gravidez psicológica se caracteriza por apresentar uma sintomatologia idêntica à de uma gravidez normal. É por isso que é algo tão impressionante: o corpo realmente acaba respondendo aos pensamentos da mulher, mesmo que não haja um bebê se formando no seu útero.
Entre os sinais que ocorrem nos casos de gravidez psicológica, podemos destacar:
- Falta de ovulação: como se fosse uma gravidez normal, na gravidez fictícia, a menstruação também é suspensa. A razão disso é que o cérebro suspende ou diminui a produção de hormônios que regulam esse processo.
- Aumento do tamanho das mamas: estas, por sua vez, sofrem alterações na pigmentação e até mesmo começam a produzir colostro. Isso é causado pelo aumento da prolactina e da progesterona.
- Náuseas, azia, vômitos e dores nas costas típicas da gravidez.
- Afrouxamento do útero.
- Crescimento da barriga e ganho de peso: talvez este seja o sintoma mais notável. A única diferença em relação a uma gravidez real é que não há a inversão do umbigo.
Além disso, como resultado do aumento da gonadotrofina, os testes de gravidez dão resultados positivos quando há um caso de gravidez falsa.
Como a gravidez psicológica é tratada?
A maneira mais comum de detectar uma gravidez psicológica é através do ultrassom. Nele, ao ver que não há um feto em formação e nenhum sinal de batimento cardíaco fetal, os profissionais poderão confirmar que não se trata de uma gravidez real.
Porém, o problema reside em como dar esta notícia para a mulher. É necessário lembrar que, precisamente, uma das raízes dessa condição pode ser o desejo excessivo de ter um bebê. Por essa razão, delicadeza e tato devem prevalecer.
De fato, muitos médicos decidem conversar primeiramente com o parceiro ou com outros familiares a fim de planejar as ações a serem seguidas de forma conjunta.
Quanto à mulher em si, esse transtorno geralmente não requer tratamento médico, mas sim psicológico. Em geral, recomenda-se que as mulheres superem essa condição com a ajuda de um profissional, a fim de evitar futuros sintomas depressivos ou de ansiedade.
Por fim, vale a pena destacar que ter uma gravidez psicológica não impede que a mulher fique grávida no futuro de forma alguma. Evidentemente, também não é um sinal de demência ou de deficiência mental.
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