Podemos prever o desenvolvimento do autismo nas crianças?

Podemos prever o desenvolvimento do autismo nas crianças?
María José Roldán

Escrito e verificado por a psicopedagoga María José Roldán.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

O autismo é um transtorno no desenvolvimento que costuma aparecer cedo nas crianças. Ele afeta a capacidade de interação e comunicação da criança com as demais pessoas, e além disso produz comportamentos estereotipados, sem interesses ou com muito poucos. Os casos de autismo têm aumentado drasticamente nos últimos anos graças aos diagnósticos mais precisos.

As pessoas com trastorno de espectro autista (TEA) tem déficits sociais característicos e demonstram uma variedade de comportamentos ritualistas, repetitivos e estereotipados. Os pais podem começar a notar uma evolução diferente a partir dos dois anos, quando os bebês começam a desenvolver a linguagem, comunicação e também habilidades sociais.

Prevenir o desenvolvimento do autismo: é possível?

Utilizando imagens de ressonância magnética os cientistas foram capazes de prever corretamente 80% de casos de bebês que mais tarde obtiveram um diagnóstico de autismo. O estudo, publicado na N ature foi o primeiro a demonstrar que é possível identificar que bebês (onde existe uma coincidência genética com irmãos mais velhos com autismo) serão diagnosticados com autismo aos dois anos.

O estudo demonstra que os primeiros biomarcadores de desenvolvimento do cérebro poderiam ser muito úteis na identificação dos bebês com maior risco de autismo, antes que os sintomas de comportamento apareçam. Isso poderia facilitar um tratamento antecipado para melhorar e potencializar as habilidades do bebê e que dessa maneira possa melhorar potencialmente.

Para os bebês com irmãos mais velhos com autismo, o risco de padecer de autismo é de 20%. Em geral, um diagnóstico antecipado de autismo pode ser feito entre os dois e três anos.

Entretanto, para os bebês com irmãos autistas mais velhos, o enfoque da imagem através da ressonância pode ajudar a prevenir durante o primeiro ano de vida que bebês são mais propensos a receber um diagnóstico de autismo com antecedência. 

Um excessivo crescimento do cérebro

Um crescimento excessivo do cérebro pode estar relacionado com o autismo nas crianças. Investigadores americanos realizaram ressonâncias magnéticas em crianças entre 6, 12 e 24 meses para avaliar essa informação. Descobriram que os bebês que posteriormente desenvolveram autismo experimentaram uma hiperexpansão da superfície cerebral.

Essa hiperexpansão cerebral se detectou entre os seis e os doze meses, em comparação com os bebês que tinham um irmão mais velho com autismo. Ainda que não ocorra em todos os casos, pode-se avaliar uma evidencia do trastorno no cérebro antes dos 24 meses. Ainda que se possa pensar em indícios de autismo graças a essas pesquisas é preciso atuar com cautela.

Apesar disso, os pesquisadores descobriram que o aumento da taxa de crescimento da área superficial no primeiro ano de vida está relacionada a uma maior taxa de crescimento do volume total do cérebro no segundo ano de vida. Esse crescimento excessivo do cérebro estava ligado ao aparecimento de déficits sociais autistas no segundo ano de vida da criança.

Os estudos de comportamento anteriores dos bebês que logo desenvolveram autismo – que possuíam irmãos mais velhos com autismo – revelaram que os comportamentos sociais típicos do autismo emergem durante o segundo ano de vida na maioria dos casos. Este dado é importante para que os pais e a mães estejam atentos e possam oferecer um estímulo maior a seus filhos.

niña sufre de autismo

Prever o autismo

Com tudo isso é possível avaliar e identificar as crianças que mais tarde poderão desenvolver autismo,  inclusive  antes de que os sintomas do transtorno apareçam e que possam se consolidar em um diagnóstico. Mas é necessário que se isso ocorrer, os pais estimulem as crianças nas habilidades sociais e de comunicação mas sem obsessões, porque os bebês podem avançar consideravelmente com uma boa intervenção.

Os cientistas comprovaram as imagens da ressonância magnética do volume cerebral, área superficial e a espessura cortical aos 6 e 12 meses dos bebês, junto com o sexo, e utilizando um programa de computador para identificar uma maneira de classificar os bebês com maior probabilidade de cumprir com os critérios para o autismo antes dos 2 anos.

O programa informático foi desenvolvido com o melhor algoritmo para conseguir isso e os cientistas aplicam o algoritmo para os participantes do estudo por separado. As diferenças cerebrais  aos 6 e 12 meses em crianças com irmãos mais velhos com autismo previram corretamente, que 8 em cada 10 bebês cumpriam com os critérios para o diagnóstico de autismo em comparação com aquelas crianças com irmãos mais velhos sem autismo.


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