Que os “eu te amo” ganhem dos “não grite”, “não faça isso”, “não encoste aí”

Que os “eu te amo” ganhem dos “não grite”, “não faça isso”, “não encoste aí”
Valeria Sabater

Revisado e aprovado por a psicóloga Valeria Sabater.

Escrito por Valeria Sabater

Última atualização: 22 dezembro, 2021

Na balança de uma educação emocional adequada, os “eu te amo”, “eu te entendo” ou “estou com você” deveriam prevalecer frente aos “não grite, não faça isso, não encoste aí”.

No entanto, todos nós sabemos que no dia a dia dos nossos filhos os limites não são apenas recomendáveis, eles são necessários. As proibições e os avisos não devem ser esse refrão constante e eterno com o qual a criança acaba se acostumando apenas com as negações, apenas com os muros em um mundo onde ele deseja ver possibilidades e espaços abertos.

Como pais, devemos acreditar no potencial natural dos nossos filhos

-Alfred Adler-

Nós sabemos que não é fácil encontrar esse equilíbrio. Educar, na realidade, é um ato cotidiano não isento de constantes desafios, no qual somos obrigados a empregar uma série de estratégias baseadas nos nossos próprios valores e, acima de tudo, nas necessidades que nossos filhos apresentam. Porque algumas vezes cada um dos nossos filhos vai exigir um tipo de orientação, de reforço e de método com base na sua personalidade, na sua conduta e no seu comportamento.

No entanto, apesar da estratégia que usamos com cada criança para resolver suas birras, seus medos ou suas necessidades, há um aspecto que nunca podemos deixar de lado: o afeto e o valor do reforço positivo. De fato, há um dado que é impossível desprezar: o valor intrínseco da palavra “NÃO”. Porque... Você parou para refletir sobre o impacto que pode ter no nosso cérebro se o que mais ouvimos durante o dia for a palavra “não”?

Hoje em Sou mamãe queremos falar sobre isso.

Nosso cérebro não entende a palavra “não”

a palavra "não"

Esse dado é curioso e nos leva à reflexão. Nosso cérebro pensa em imagens. Assim, quando nós, ou nossos filhos, escutamos a palavra “não” o que sentimos acima de tudo é uma emoção negativa. Não é fácil processar o conceito da negação, especialmente se levarmos em consideração que a mente é muito obstinada, rebelde e incisiva. Em algumas situações basta que nos digam alguma coisa como “não pense em maçãs vermelhas” para pensarmos nelas.

Assim, quando falamos em termos educacionais, é necessário evitar as negações levianas, os “nãos” repetitivos como “não encoste aí, não faça isso, não abra isso, não coma isso, não entre aí”. Porque o que conseguimos com isso são duas coisas:

  • Aumentar a sensação de frustração e negatividade.
  • E, em longo prazo, se usarmos com excesso a palavra “não”, ela pode perder todo seu valor.

Me explique por que não posso fazer isso ou aquilo

É simples assim. Em vez de usarmos “não encoste ou não entre”, o ideal é recorrer a uma simples explicação na qual se reduz a carga negativa e o confronto. “Se você encostar nisso pode se machucar porque corta, porque queima e é perigoso”. “A mamãe não quer que você fique na sacada porque você pode cair, fique aqui comigo, assim estaremos juntos”.

  • Assim como podemos ver, recorrendo a uma argumentação simples e carinhosa é possível evitar muitas vezes a palavra “não”, que por si só gera várias emoções negativas no nosso cérebro, não importa que idade temos.

Assim, na hora de estabelecer limites, dar avisos e fazer as sempre necessárias proibições, é preciso dar um por quê. Isso exige parte do nosso tempo, muita paciência e grande dose de carinho. Mas os resultados valem a pena.

a palavra "não"

Disciplina positiva, educar com carinho e com “eu te amo”

A disciplina positiva não é algo novo. Foi o psiquiatra Alfred Adler (Viena 1870-1937) quem elaborou a teoria do desenvolvimento social e, nela, a necessidade de que a criança sentisse sempre de forma íntima e positiva o vínculo com o ambiente mais próximo e com a sociedade.

Essa é a nossa obrigação com as crianças: dar a elas um raio de luz e continuar com o nosso caminho.

-Maria Montessori-

Uma maneira de conseguir essa união ou essa ligação é através da educação, sempre respeitosa e intuitiva, sempre igualitária e democrática, sem cair nos jogos de poder, nos quais a punição, a imposição, o grito ou a sensação de medo constante perante uma figura de poder gera um sério impacto no cérebro da criança.

A seguir, explicamos quais são os principais pontos fundamentais da disciplina positiva, na qual não falta os “eu te amo”, “eu te entendo e te apoio” em detrimento de “não faça isso, não diga isso, não encoste aí, não se mexa”.

 

a palavra "não"

Como aplicar a disciplina positiva

Devemos aplicar uma educação motivadora. Nesse tipo de educação são estabelecidas orientações firmes mas motivadoras, assim como limites que, embora devam ser respeitados a todo momento, também devem ser explicados para que sejam entendidos e para que a criança se identifique e os assuma com naturalidade, sem reagir negativamente a eles.

  • Devemos conseguir fazer com que as crianças se sintam sempre valorizadas, entendidas e queridas. 
  • Os erros não são punidos com gritos nem são criticados. Mas são colocados em evidência para que se possa explicar como resolver, como melhorar e como se pode superar com sucesso determinada situação porque “acreditamos nos nossos filhos”.
  • Ensinaremos às crianças habilidades para a vida: saber respeitar, habilidades para resolver problemas, para ser responsáveis, autônomas, colaborativas…
  • Devemos conseguir, além disso, que as crianças tomem consciência das suas capacidades para melhorá-las. Assim elas vão se sentir úteis, valentes e capazes de conquistar seus próprios objetivos.

Para concluir, educar com “eu te amo” não é recorrer ao fácil nem ao permissivo. É saber desenvolver nos nossos filhos habilidades, capacidades de superação, emoções positivas e o valor de se conectar positivamente com tudo o que as envolve.


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