Qual é a relação entre o microbioma intestinal e o autismo?
A seguir, vamos tentar trazer algumas informações importantes sobre a relação entre o microbioma intestinal e o autismo. Pouco se sabe ainda sobre a causa dos transtornos do espectro autista, mas ultimamente têm surgido estudos que o relacionam com o microbioma intestinal. Aliás, você sabe o que é isso? Continue lendo e descubra.
Todos os mamíferos têm um órgão invisível que até muito recentemente a ciência ignorava: o microbioma intestinal. Esse órgão é constituído por uma variedade incrível de microrganismos.
Atualmente, embora já tenhamos certeza de que dependemos do bom funcionamento desse órgão microbiano para sobreviver, estamos apenas começando a entender como esse consórcio microbiano nos complementa.
Como o microbioma intestinal funciona?
Certamente, você já sabe que há microrganismos que vivem no seu corpo. No entanto, talvez você não saiba o tamanho da população desses inquilinos.
É fácil entender que a comunidade mais densa e diversificada de microrganismo está no seu intestino. No entanto, quando você descobre que mais da metade da massa de suas fezes corresponde ao seu microbioma, a história muda de figura, não é verdade?
Os seus micróbios são tantos que eles têm a capacidade de completar o processo de digestão dos alimentos. Esse é um papel quase óbvio, mas outras tarefas deles podem ser surpreendentes.
Os seus micróbios são a peça-chave para o desenvolvimento do seu sistema imunológico e também para manter a sua capacidade de resposta. Além disso, eles lidam com a regulação do nosso metabolismo.
Há relação entre esses micróbios e o cérebro?
A resposta é um sim categórico. Atualmente, a ciência mostrou que existe um eixo microbiota-intestino-cérebro que funciona como uma via de mão dupla. Isso significa que o estresse pode perturbar a composição da microbiota intestinal e que, por sua vez, o consórcio microbiano afeta o comportamento do hospedeiro.
Muitos desses estudos foram realizados em camundongos criados ‘sem germes’. Tais estudos mostraram que, quando falta a microbiota convencional, o comportamento, a expressão gênica no cérebro e o desenvolvimento do sistema nervoso são afetados.
Outros tipos de estudos, utilizando diferentes antimicrobianos e os primeiros transplantes fecais, mostraram que diferenças na composição do microbioma intestinal afetam o comportamento. Além disso, foi possível induzir ou aliviar a ansiedade ao alterar a composição do microbioma intestinal.
Atualmente, houve avanços nesse conhecimento em nível molecular. Assim, sabe-se que a alteração do ecossistema microbiano pode induzir alterações específicas de neurotransmissores e de seus receptores, incluindo a serotonina.
Qual é o papel do microbioma intestinal no autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) representa uma alteração no desenvolvimento neurológico caracterizada por dois déficits principais: comunicação e interação social prejudicadas.
O paciente exibe padrões restritos e repetitivos de interesses, comportamentos ou atividades. O TEA tem uma prevalência de 2 a 20 casos por 1.000 em todo o mundo.
Atualmente, os principais sintomas do autismo não têm tratamento aprovado. Pessoas com TEA também costumam ter problemas gastrointestinais e uma alteração do seu microbioma intestinal.
De acordo com essa descoberta, um número crescente de estudos encontrou evidências que implicam a alteração da resposta imune e dos mecanismos neuroinflamatórios em pacientes com TEA.
Os problemas gastrointestinais associados à maioria dos casos de autismo sustentam a ideia de que esse distúrbio tem uma base fisiológica. Acredita-se que, se os problemas gastrointestinais forem aliviados, os sintomas também poderiam ser amenizados.
Um estudo recente demonstrou efeitos benéficos a longo prazo para crianças diagnosticadas com TEA. Isso é feito por meio de uma revolucionária técnica de transplante fecal, conhecida como terapia de transferência de microbiota.
A amamentação e a conformação do microbioma no Transtorno do Espectro Autista
A amamentação é um fator determinante na conformação do microbioma intestinal. Assim, estudar a amamentação em populações com TEA é objeto de interesse.
Um estudo de 2019 explorou a associação entre o TEA, o início da amamentação e os meses de duração. Até agora, a amamentação prolongada tem sido sugerida como um fator protetor contra o TEA, embora ainda sejam necessários estudos adicionais.
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