Separar os gêmeos na escola ou não?

Separar os gêmeos na escola ou não?
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 30 outubro, 2017

Os especialistas comentam que uma das principais preocupações dos pais de gêmeos é se eles devem ser separados na escola, ou não. Muito tem-se debatido sobre a necessidade de que os gêmeos ou múltiplos fiquem próximos permanentemente.

Quem é pai de gêmeos pode testemunhar sobre como eles podem ser diferentes. A personalidade dos gêmeos é uma das principais características que permite diferenciá-los com maior clareza. Por esse motivo, às vezes, as escolas tomam a iniciativa de separá-los com o objetivo de que um não se sinta apegado ao outro.

Com frequência a direção da escola separa os gêmeos. Isso nem sempre é bem recebido pelos pais ou pelas próprias crianças. A explicação tende a ser muito parecida, a sugestão de separar os gêmeos se fundamenta na ideia de incentivar o desenvolvimento da própria identidade de cada um. No entanto, é difícil chegar a um consenso, pois muitos pais se negam à essa imposição.

Por que a escola costuma separar os gêmeos?

Irmãos gêmeos brincando juntos na escola

Por alguma razão a escola considera que as crianças fruto de um parto de gêmeos ou de múltiplos, sejam elas idênticas ou não, têm o direito de se desenvolver separadamente. Considera que, embora sejam gêmeos, cada um é uma pessoa com identidade própria, que não depende do outro para aprender e crescer no seu ritmo.

A ideia é dar uma chance de agir, compartilhar e argumentar por seus próprios meios. Os gêmeos, os trigêmeos ou os múltiplos, tendem a ser muito unidos e são capazes de se apoiar um no outro para realizar qualquer atividade. Muitos professores acham que isso, longe de ser positivo, prejudica o desenvolvimento de cada um.

Ao se sentir apoiado por seu irmão ou ao imitá-lo, a criança consegue resolver problemas sem ter que realizar maiores esforços. Nesse sentido, acredita-se que isso os torna mais vulneráveis quando tiverem que se defender sozinhos. Se as crianças se acostumarem a esse reforço, quando precisarem agir por conta própria estarão em desvantagem.

Nesse sentido, o propósito da separação é contribuir com o desenvolvimento das suas potencialidades de maneira individual. Alega-se que isso também é aplicável em outros vínculos, por exemplo, primos, vizinhos ou amigos. Ou seja, qualquer criança que se poie em uma relação particular com outra criança dentro da mesma sala de aula, deve ser separada para que se desenvolva por si só. No entanto, a ciência considera que essas são suposições mitológicas sem fundamento.

Separar os gêmeos pode ser prejudicial segundo a ciência

 

Mais do que um problema de conveniência para os pais por causa dos horários e das tarefas escolares, separar os gêmeos na escola pode ser um mal desnecessário segundo estudos recentes. Sabe-se que cientificamente não existem argumentos para afirmar que separá-los pode ajudar no desenvolvimento das identidades. Pelo contrário, as pesquisas demonstram que estudar na mesma classe não afeta em nada esse aspecto.

De acordo com a experiência dos especialistas, outros fatores influenciam para que os gêmeos definam a sua personalidade. Nesse sentido, suas experiências em casa e seu caráter podem ser suficientes para que as crianças desenvolvam sua identidade ao máximo.

O consolo nunca é melhor em um lugar que não seja nos braços de um irmão

-Alice Walker-

A Universidade de Wisconsin e o Kings College apresentaram um conjunto de dados que explicam quão prejudicial pode ser separar os gêmeos na escola. A pesquisa realizada em 2004 com mais de 800 pares de gêmeos proporcionou resultados conclusivos.

O que diz o estudo

Irmãos gêmeos brincando juntos no campo

Foi observada uma amostra de 878 pares de gêmeos do mesmo sexo. Escolarizados em idades entre os 5 e os 7 anos. A amostra foi classificada em três grupos, um com 61% das crianças na mesma classe (gêmeos não separados). O seguinte grupo, gêmeos separados desde os cinco anos (escolarizados desde essa idade). E o último, um grupo de gêmeos separados desde os sete anos.  Os resultados foram os seguintes:

  • O grupo de crianças separadas desde o primeiro ano de escola, aos cinco anos apresentaram maior quantidade de problemas comportamentais e emocionais. Elas aparentavam ser retraídas, inseguras, temerosas e, inclusive, tristes. Nos gêmeos idênticos, os problemas não desapareceram, inclusive aumentaram. No entanto, os gêmeos não idênticos superaram suas dificuldades depois do segundo ano na escola.
  • As crianças que nunca foram separadas na escola tiveram menos problemas que as outros, incluindo problemas de aprendizado.
  • Por sua vez, aquelas que foram separadas após os sete anos apresentaram mais problemas de aprendizado de leitura e também problemas de comportamento, do que as crianças que nunca foram separadas.

Outros estudos e avaliações revelam que, no começo da escolaridade, as crianças sentem mais estresse, portanto não é conveniente piorar a situação ao separá-las de alguém tão importante para elas. Não foi observada nenhuma melhoria quando os gêmeos são separados na escola, na verdade foi observado o contrário. Se as crianças são separadas aos 8 ou 12 anos, é possível perceber alguns benefícios, por exemplo elas se esforçam mais, mas todas as crianças são diferentes.

É recomendável observar as necessidades da criança, algumas são mais unidas que outras. Além disso, a idade em que são separadas, ou o fato de serem idênticas ou não podem ser fatores determinantes na hora de tomar essa decisão. Em alguns casos, a separação pode ser necessária e favorável, mas de qualquer maneira sempre é importante consultar os especialistas.


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