Aborto de repetição

Quando a futura mãe sofre abortos espontâneos antes de chegar à vigésima semana de gestação, fala-se em aborto de repetição. Diante dessa situação, diferentes tipos de tratamento podem ser aplicados.
Aborto de repetição
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Escrito por Equipo Editorial

Última atualização: 15 junho, 2020

Denomina-se aborto de repetição as sucessivas perdas espontâneas da gravidez antes da 20ª semana de gestação. Os abortos espontâneos ocorrem em 15% dos casos, e a taxa aumenta se a mulher já tiver passado por um aborto anteriormente. Esse número dobra se já tiverem existido mais de dois casos.

As causas do chamado aborto de repetição podem ser diversas. No entanto, em alguns casos, é difícil determinar o motivo exato. Pode haver a influência de muitos fatores diferentes.

Também não há números exatos sobre a incidência desse tipo de aborto. A princípio, seriam afetadas cerca de 2% a 5% das mulheres em idade reprodutiva. Se o casal precisar passar por programas de fertilização in vitro, as chances de aborto aumentam.

Causas do aborto de repetição

Doenças autoimunes e infecciosas, problemas endócrinos, genéticos ou anatômicos ou distúrbios como a trombofilia são as causas que têm maior incidência nos abortos de repetição.

Por outro lado, fatores tóxicos (álcool, café, tabaco) e ambientais (metais pesados) podem induzir abortos espontâneos e gerar dificuldades para a manutenção da gravidez.

  • Fatores endócrinos. A presença de níveis de hormônio tireoidiano ou de glicose alterados impedirá que uma gravidez seja bem-sucedida se não for tratada adequadamente. Dentro do mesmo quadro, estão a síndrome dos ovários policísticos e a obesidade.
  • Fatores genéticosA alteração em nível cromossômico do cariótipo do homem ou da mulher leva a 5% dos casos de abortos de repetição. É por isso que todos os casais que desejam se submeter ao tratamento de fertilização in vitro devem ser submetidos a um exame de cariótipo.
  • Trombofilias. São as patologias que alteram a coagulação sanguínea e predispõem à trombose. Quando esses trombos ocorrem no período de formação da placenta, podem levar a abortos de repetição.
  • Fatores anatômicos. Os problemas uterinos geralmente são tratados com sucesso em 70-85% das vezes. Em geral, são alterações que podem consistir em aderências formadas naturalmente, como miomas ou septos, ou como resultado de intervenções anteriores.
  • Fatores imunológicosQuando a mulher tem problemas imunológicos, o organismo ataca o embrião em vez de acolhê-lo.
  • Fator masculino. Após os 40 anos, os espermatozoides sofrem uma maior fragmentação do DNA. Essa é outra das causas recorrentes do aborto de repetição.
Aborto de repetição

Estudos clínicos em casais propensos ao aborto de repetição

Diante da presença de dois ou mais abortos espontâneos, um casal pode solicitar uma série de exames para detectar as causas e fazer o tratamento apropriado, se houver. Esses exames são:

  • Análise endócrina.
  • Exame de cariótipos em ambos os membros do casal.
  • Análise uterina usando exames de imagem: ultrassonografia, histerossalpingografia, ressonância magnética.
  • Análise imunológica.
  • Exame de trombofilia.
  • FISH no esperma, meiose e biópsia testicular para estabelecer o nível de fragmentação do DNA.
  • Determinar a presença de células Natural Killer no sangue periférico. Elas impedem que o embrião se implante normalmente, mesmo com técnicas de fertilização in vitro.

“As causas do chamado aborto de repetição podem ser diversas. No entanto, em alguns casos, é difícil determinar o motivo exato.”

Tratamento para os casos de aborto de repetição

Em primeiro lugar, o tratamento vai depender dos resultados dos exames. Existe um grande número de soluções possíveis, muitas com resultados imediatos e bem-sucedidos. Entre elas, estão:

  • Linfoterapia.
  • Gamaglobulina.
  • Tratamento endócrino.
  • Histeroscopia cirúrgica.
  • Medicação anticoagulante, como, por exemplo, a heparina.
  • Diagnóstico genético pré-implantacional de embriões.

Todas essas alternativas devem ser recomendadas por equipes interdisciplinares compostas por psicólogos, endocrinologistas, andrologistas, ginecologistas, entre outros. Os tratamentos específicos podem ser mais ou menos complexos.

Tratamento genético

Os tratamentos para o aborto de repetição devido a causas genéticas envolvem a seleção de embriões cuja carga genética seja normal. Isto é, que sejam adequados para transferir informações para um bebê nascido saudável.

Nesse sentido, a ciência genética atual avançou na hibridação genômica comparativa por array . Isso significa que é possível definir se há falta ou excesso de genes ou cromossomos no embrião, englobando todos eles. A boa notícia é que esses estudos superam os chamados FISH, que avaliavam apenas os cromossomos.

Tratamento endócrino

É realizado com um medicamento que permite a regularização da função hormonal. Eles incluem a estimulação ovariana, tiroxina, agonistas dopaminérgicos, metformina.

Aborto de repetição

Tratamento anatômico

Os tratamentos mais frequentes para complicações uterinas incluem a histeroscopia com ressecção do mioma submucoso ou septo uterino. Além disso, aumentar a cavidade do útero é outra solução possível para evitar o aborto de repetição.

Tratamento de trombofilia

De forma pontual, a medicação para esses abortos inclui desde heparinas de baixo peso molecular (HBPM) – por exemplo, o ácido acetilsalicílico –, até vitaminas e folatos.

Em resumo, o aborto de repetição é tão frequente quanto tratável. Atualmente, com a evolução dos estudos em genética e outras causas orgânicas, é possível detectar em alta porcentagem as causas mais frequentes desse problema e solucioná-las de forma eficaz.


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  • Aborto de repetición. Sociedad Española de Fertilidad. [En línea] Disponible en: https://www.sefertilidad.net/docs/biblioteca/recomendaciones/aborto.pdf
  • Romero, B; Martínez, L; González, A; Fontes, L. Epidemiología del aborto de repetición. Progresos de obstetricia y ginecología. Vol. 55. Núm. 7.Agosto – Septiembre 2012. 297-366. DOI: 10.1016/j.pog.2011.07.009

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