Por que as crianças nos contrariam?

Por que as crianças nos contrariam?
María Alejandra Castro Arbeláez

Revisado e aprovado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

Seu filho faz algo que não deve. Calmamente e usando as palavras certas você diz que isso não se faz e, logo em seguida, seu filho volta a fazer a mesma coisa. Isso já aconteceu com você? Calmamente, você diz a mesma coisa para ele mais uma vez, vocês se olham e seu filho volta a fazer tudo ao contrário de novo. Você adota uma postura séria, com o cenho franzido e um tom de voz firme, tenta agir de outra forma para ver se seu filho entende…e não! Ele continua fazendo a mesma coisa, está contrariando você.

Você começa a ficar irritada e atitudes como um tom de voz mais ríspido não funcionam. Você perde a calma e começa a cogitar possíveis castigos. Sim, aquele território no qual você não quer entrar porque decidiu manter suas atitudes no caminho da educação respeitosa. Dessa forma, você fica cheia de dúvidas. O que está acontecendo? Por que não está funcionando? Por que ele continua repetindo se eu estou dizendo para não agir assim?

Os bebês não possuem a capacidade de autocontrole. Assim, se sentirem um impulso, as chances dos pequenos se autocontrolarem são mínimas, para não dizer nulas. Esse impulso pode aparecer em muitas situações, pode ser que seja por frustração ou, inclusive, por felicidade. As causas podem ser inúmeras, mas uma vez que dizemos que não é assim que se faz, por que meu filho continua repetindo?

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O motivo do pequeno continuar contrariando varia de acordo com a idade da criança

Os bebês são pequenos cientistas e têm o cérebro programado para aprender o máximo de coisas possíveis no menor espaço de tempo. Esse aprendizado inclui explorar e implica, frequentemente, contrariar seus desejos.

O cérebro dos pequenos os leva a descobrir coisas. Não significa que seu filho está te ignorando, a realidade é que entre obedecer suas orientações e descobrir coisas, o cérebro dele sempre vai se inclinar em direção ao descobrimento.

Basicamente, isso significa que as crianças utilizam os pais e os familiares mais próximos como banco de testes para descobrir o mundo que as rodeia.

Se você faz algo que a criança acha interessante, ela vai tentar fazer com que você faça a mesma coisa de novo para poder voltar a observar, tentar fazer igual e, assim, tirar suas próprias conclusões. Se o resultado de uma ação foi provocado por elas, isso vai se mostrar duas vezes mais fascinante porque descobrir que elas podem exercer algum efeito sobre nós é uma sensação muito poderosa para a criança.

Quanto mais interessante e curiosa for, para a criança, a nossa reação, há mais chances de que ela volte a agir da mesma forma. E se sua resposta for mudando constantemente, mais a criança vai demorar para entender o que está acontecendo e vai sentir mais necessidade de repetir a mesma situação para tentar tirar uma conclusão. Em casos assim, o ideal é manter sempre a mesma reação: firme, mas neutra, quase entediada.

Um recente estudo publicado por médicos pediatras trata sobre a diferença que há entre a idade em que os pais acham que os filhos já conseguem controlar seus atos e a idade em que neurologicamente os pequenos desenvolvem essa capacidade.

Segundo esse estudo, a maioria dos pais acredita que as crianças deveriam ser capazes de controlar seus impulsos por volta dos dois anos de idade. Os pesquisadores, por outro lado, afirmam que esse controle começa a se desenvolver apenas entre os 3 e 4 anos, sendo gradativamente desenvolvido até amadurecer completamente, aproximadamente aos vinte anos de idade.

Essa disparidade entre as expectativas dos pais e a realidade da criança faz com que muitas vezes você pense que seu filho a contraria de propósito, quando na verdade não é o caso. Entender essa realidade mostra como é absurdo castigar ou penalizar as crianças por comportamentos que são adequados ao nível de amadurecimento pelo qual estão passando e que, na verdade, está fora do controle dos pequenos.

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Promove a inteligência emocional

Nós, seres humanos, somos especialmente emocionais.  Apesar de durante muitos anos termos sido ensinados a reprimir as emoções, a ciência diz que fazer isso é uma tendência negativa da vida adulta.

É importante ensinar as crianças a administrar e se permitir sentir emoções, além de expressá-las de maneira saudável. Também é essencial ensinar os pequenos a ouvir e a aceitar os sentimentos das outras pessoas sem julgamentos.

Uma criança que aprende a identificar e nomear suas emoções, que confia nos seus pais ou nos adultos que tem como referência consegue entender e respeitar os sentimentos. Além disso, desenvolve a crença de que suas emoções são normais, fazendo com que se transforme em um adolescente que sabe se comunicar bem.

E o fato de utilizar o comportamento para comunicar necessidades ou emoções com as que não se sentem cômodos ou que as fazem sentir medo vai diminuindo aos poucos.

Todas as fases do desenvolvimento exige anos de transformação, durante os quais as emoções, as dúvidas e as sensações produzem insegurança e medo. Esses anos de transição são os mais difíceis da infância.

Mas se você se mantiver constante, com um estilo de criação que promove a inteligência emocional, que se preocupa mais com a causa que com o comportamento em si, vai conseguir fazer com que a criança se familiarize com essas emoções enquanto ainda é nova. Portanto, esse período de transição vai ser mais curto e um pouco mais fácil.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.