Como ajudar uma filha com bulimia?

Para ajudar uma filha com bulimia, é importante entender que a comida não é o único fator ou o fator mais importante. Existem componentes emocionais e psicológicos envolvidos que requerem nossa atenção.
Como ajudar uma filha com bulimia?
Maria Fátima Seppi Vinuales

Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fátima Seppi Vinuales.

Última atualização: 11 outubro, 2022

A bulimia é um transtorno alimentar que envolve muito mais do que preocupações com peso ou tamanho. Em segundo plano, estão as questões biológicas, emocionais e cognitivas associadas ao corpo, à imagem e ao valor do sucesso pessoal. Somam-se a tudo isso as mensagens reforçadas pela mídia, como cânones de beleza e o conceito de uma figura esbelta.

A adolescência desempenha um papel fundamental na gênese do problema. É assim que se configura um mapa delicado, no qual por vezes não se sabe como intervir. Vamos ver o que é e como você pode ajudar uma filha com bulimia.

O que é a bulimia e quais são seus sintomas?

A bulimia é um transtorno que se caracteriza por uma ingestão voraz de alimentos em um curto período de tempo, juntamente com a presença de uma sensação de não conseguir parar de comer. Por esse motivo, geralmente é seguido de medidas compensatórias, como vômitos, uso de laxantes ou exercícios excessivos.

Angústia e culpa são as emoções que costumam predominar nesse momento.

Para ajudar uma filha com bulimia, é importante conhecer e aprender sobre esse transtorno alimentar e entender que ele é influenciado por múltiplos fatores: biológicos, individuais, psicológicos e sociais, entre outros. Em geral, inicia-se na adolescência e, na maioria dos casos, ocorre em mulheres.

Sinais de alerta de doenças

Alguns dos sinais ou sintomas que podem nos ajudar a detectar a presença desse transtorno do comportamento alimentar (TA) são os seguintes:

  • Preocupação excessiva com a imagem corporal.
  • Interesse em dietas.
  • Exercício físico intenso.
  • Compulsão alimentar. Em alguns casos, os portadores de bulimia comem em segredo.
  • No final das refeições, sempre há a desculpa de se levantar e ir ao banheiro. Isto é para autoinduzir o vômito.
  • Uso de laxantes ou pílulas dietéticas.

Consequências da bulimia

A depressão é uma das consequências diretas da bulimia, assim como a extrema magreza e a pele pálida e com aparência doentia.

Com o tempo, as consequências da doença também aparecem. Estes são alguns deles:

  • Amenorreia (cessação da menstruação).
  • Perda de cabelo.
  • Danos aos dentes.
  • Aparência doentia, como pele pálida.
  • Fraqueza.
  • Ansiedade.
  • Depressão.



Conheça algumas dicas para ajudar uma filha com bulimia

Como mencionamos acima, existem componentes emocionais e psicológicos envolvidos na doença que devem ser levados em consideração. Abaixo, detalhamos algumas dicas para ajudar sua filha com bulimia.

Se detectarmos uma situação que nos preocupa, é importante que criemos um espaço de diálogo e apoio com nossa filha. Essa abordagem não precisa ser com orientação diagnóstica ou com a busca de um rótulo“Vejo que você está com bulimia” -. Isso geralmente cria distância e pressiona a garota.

O melhor é abordá-la, compartilhar a preocupação e perguntar se algo está errado, se ela está se sentindo bem e se podemos ajudá-la de alguma forma.

O objetivo é criar uma atmosfera de aconchego e confiança para que você se sinta cuidado.

Peça ajuda a um profissional

Também é necessário solicitar a ajuda e o aconselhamento de um especialista no assunto, pois a situação exige uma intervenção específica, orientada e profissional. Em geral, a abordagem da bulimia costuma ser feita com uma equipe interdisciplinar.

Trabalhe a aceitação e a culpa

Em muitos casos, os pais começam a se culpar, a questionar o tempo que passam com as filhas e suas práticas parentais, entre outras questões. Neste momento, novos passos podem ser dados ou a dinâmica familiar alterada, mas sempre olhe para frente.

Evite arrependimentos sobre o passado e, em vez disso, trabalhe a aceitação. Compreenda qual é a situação atual que vocês têm que viver e aprendam a encontrar juntos o caminho para incorporá-la em suas vidas. Por outro lado, é essencial fortalecer a autoestima da sua filha e reforçar suas conquistas, seus comportamentos e os progressos que ela faz.

Ter ajuda profissional é essencial para resolver esse problema. Além disso, todo o ambiente familiar deve estar comprometido com o tratamento.

Envolva toda a família no tratamento

Toda a família estará envolvida e deve se comprometer com o tratamento da filha que sofre de bulimia. No início, rotinas de cozinha, dietas, horários e até mesmo a disponibilidade de alimentos devem ser adaptados.

Existem certas características familiares que se repetem nos diferentes casos de transtornos alimentares, como menor coesão familiar, maior rigidez e superproteção dos pais e menor autonomia dos filhos. Isso não significa que essas condições existam em todos os casos, mas se sim, será necessário trabalhar os padrões e as características relacionais.

Algumas coisas a evitar

Deve-se ter cuidado ao abordar o problema, pois, às vezes, em vez de ajudar, o que se consegue é perder a confiança da filha e ela se afastar do ambiente. Portanto, tenha em mente estas dicas para tentar ajudá-la:

  • Evite comentários referentes à aparência e imagem corporal, tanto sobre o próprio corpo quanto o dos outros.
  • Não assuma o controle excessivo do que sua filha faz. Essa atitude gera distanciamento, em vez de possibilitar confiança e abertura. Mas também não vá ao extremo oposto. É importante acompanhar e entender que a bulimia gera uma dificuldade para sua filha.
  • Não se concentre na comida. Pense que sua filha não só sofre de bulimia, mas também é uma pessoa com interesses e motivações.



A bulimia também é um problema social

Finalmente, para a prevenção e tratamento da bulimia, não se trata apenas de intervir individualmente, mas é importante começar a trabalhar na mudança social. É claro que existe um estereótipo arraigado em relação a esse transtorno alimentar no qual, como vimos, intervêm fatores individuais, psicológicos e sociais.

Por um lado, muitas pessoas que vivem com bulimia se recusam a compartilhar sua angústia. Isso porque a maioria acredita que se trata de uma obsessão com o corpo, como se o único significado que se esconde por trás dos expurgos alimentares fosse estético. Em vez disso, é necessário perguntar quais outras crenças estão em segundo plano e quais são as mensagens que a sociedade constantemente reforça. Se você insistir que a pessoa de sucesso é aquela que é magra e esbelta, haverá quem pague um preço muito alto por isso. Então, trata-se de começar a valorizar a diversidade de pessoas e corpos que existem.


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