Como a saúde bucal da mãe afeta a saúde do bebê

Uma adequada saúde bucal da mãe influencia positivamente no desenvolvimento da boca do bebê, assim como em seu estado de saúde durante os primeiros anos de vida.
Como a saúde bucal da mãe afeta a saúde do bebê

Última atualização: 22 janeiro, 2022

Graças a pesquisas e estudos científicos, hoje se sabe que a saúde bucal da mãe afeta o feto. No entanto, muitas famílias não estão cientes dos riscos envolvidos.

É verdade que diversos fatores dificultam a realização de uma correta higiene bucal pela gestante. Por exemplo, enjoos matinais, cansaço, ânsias, horários de sono alterados. Todas essas circunstâncias podem diminuir a frequência ou a duração da escovação.

Mas também é verdade que, uma vez que o bebê nasce, existe o risco de transmissão vertical. Ou seja, as bactérias da boca da mãe podem passar para a boca do bebê e promover o desenvolvimento precoce de cáries.

Neste artigo, discutiremos essa questão em detalhes e muito mais. Não deixe de ler!

A má saúde bucal da mãe pode antecipar o trabalho de parto

Se a gestante negligencia a higiene bucal, ela coloca em risco o desenvolvimento do feto que cresce em seu útero.

Embora algumas mulheres considerem um hábito menor e se descuidem da saúde bucal, o uso de escova e fio dental pode fazer a diferença na hora de ter uma gravidez saudável.

Nesse sentido, uma situação particularmente grave é o parto prematuro, que é o nascimento antecipado do bebê (antes da 37ª semana de gestação).

Se a gestante tiver doença periodontal, ela terá maior risco de desenvolver trabalho de parto prematuro. Essa patologia, também conhecida como piorreia ou periodontite, é uma condição crônica em que os tecidos de suporte dos dentes são progressivamente destruídos.

A fase inicial é a gengivite, que é a inflamação das gengivas devido ao acúmulo de placa bacteriana e tártaro. Quando a gengivite não é tratada corretamente, o próximo passo é a periodontite.

A gravidez de uma mulher com gengivite ou periodontite pode não chegar ao termo. Dessa forma, o bebê pode não completar seu desenvolvimento e sofrer consequências totalmente evitáveis em sua saúde.

Infelizmente, a gengivite é muito comum em mulheres grávidas. Portanto, é essencial preveni-la e tratá-la a tempo quando ela aparece.

Mulher com gengivite sentindo dor.

A má saúde bucal da mãe pode afetar o peso do bebê

Acredita-se que haja uma associação causal entre a presença de doença periodontal na mãe e o baixo peso do bebê ao nascer. Isso estaria ligado ao nascimento prematuro, já que no último trimestre (ainda mais no último mês) os bebês passam pela fase de engorda. De qualquer forma, essa relação ainda não foi totalmente estabelecida, pois há outros estudos que não conseguiram constatá-la.

Mesmo assim, o que se sabe é que quando a mãe passa por um processo inflamatório ou infeccioso, certas substâncias atravessam a placenta e chegam ao bebê.

Isso pode interromper o desenvolvimento normal do feto, especialmente nos primeiros trimestres, e levar a patologias congênitas de vários tipos. Além disso, essas substâncias inflamatórias podem desencadear o parto prematuro, uma vez que são, em sua maioria, prostaglandinas.

Finalmente, uma criança com baixo peso ao nascer está em desvantagem para lidar com o nascimento, pois isso aumenta o risco de partos distócicos (difíceis) e complicações perinatais.

Portanto, qualquer medida tomada para reduzir a inflamação na boca da mãe será benéfica para o bebê. E isso inclui cuidados com a saúde bucal.

A mãe com problemas de saúde bucal transmite bactérias para a boca do bebê

As mães e qualquer adulto responsável por um bebê podem transmitir bactérias ao recém-nascido. Isso constitui um tipo de transmissão vertical. Em outras palavras, a saúde bucal precária da mãe tem um impacto direto na saúde bucal de seu filho.

A cavidade oral da criança pequena tem muito pouca presença de bactérias e é colonizada pelo contato com o mundo exterior. Assim, a mãe pode transmitir Streptococcus mutans da sua boca para a boca do bebê. Isso geralmente ocorre em um período específico de tempo, denominado janela de infectividade, que ocorre entre 6 e 30 meses de vida do bebê.

Essa bactéria faz parte dos fatores responsáveis pela cárie dentária. Somando-se a isso os hábitos alimentares prejudiciais e a higiene bucal precária, é alta a possibilidade de desenvolvimento de cáries precoces nos dentes do bebê.

Deve-se notar que a cárie não é uma doença infecciosa tradicional e que a transmissão vertical parece ser o primeiro passo para seu aparecimento em crianças pequenas. Quanto mais essa passagem demorar, maior será a probabilidade de a criança ter uma boa saúde bucal.

O que fazer para cuidar da saúde bucal durante a gravidez?

Mulher grávida escovando os dentes para evitar sangramento nas gengivas.

Cuidar da saúde bucal da gestante é fundamental para evitar complicações no parto e reduzir o risco de cáries no bebê. Em outras palavras, a prevenção de problemas bucais em crianças começa durante a gravidez.

Aqui estão algumas dicas para evitar que a saúde bucal da mãe afete o bebê:

  • Escove os dentes pelo menos 2 vezes ao dia: se sentir náuseas, altere os tempos de escovação ou troque a pasta de dente para evitar a sensação desagradável. Mas é fundamental não abandonar o hábito.
  • Uso de fio dental: é importante que esse método complemente a escovação para acessar áreas dentais de difícil acesso.
  • Uso de cremes dentais com flúor: esse mineral tem ação sobre o esmalte dentário e previne as cáries.
  • Siga uma dieta saudável: uma boa nutrição durante a gravidez é vital de várias maneiras. No nível oral, a limitação de açúcares simples reduz o risco de desenvolver inúmeras patologias orais.

Comparecer às consultas com o dentista recomendadas para mulheres grávidas também é de extrema importância, pois com a ajuda do profissional será possível esclarecer todas as dúvidas e proteger a sua boca e a do bebê.


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