Displasia do quadril em bebês: o que é e como se corrige?

A displasia do quadril é uma das condições mais comuns no recém-nascido. Contamos suas características, quais estudos requer e como tratar.
Displasia do quadril em bebês: o que é e como se corrige?
Maria Elisa Lisotti Luppi

Escrito e verificado por a fisioterapeuta Maria Elisa Lisotti Luppi.

Última atualização: 27 dezembro, 2022

A displasia do quadril afeta um grande número de bebês em todo o mundo. No entanto, sua causa exata ainda não é conhecida. Atualmente também é chamada de displasia do desenvolvimento do quadril, pois ocorre na fase intrauterina ou nos momentos próximos ao nascimento.

É fundamental que o diagnóstico seja precoce, para favorecer o prognóstico da criança. Nos casos em que o tratamento não é aplicado, o quadro pode se complicar para uma luxação ou subluxação do quadril do recém-nascido.

O que é displasia do desenvolvimento do quadril?

A displasia do desenvolvimento do quadril (CDD) é uma das patologias mais comuns em recém-nascidos e pode ocorrer entre a 11ª semana de gestação e os dois anos de idade. 

As crianças que a apresentam apresentam uma desproporção entre o tamanho da cabeça femoral e o acetábulo. Essa é a superfície na qual o fêmur se articula com o quadril. Assim, a alteração que leva à CDD pode estar localizada na cabeça femoral, na cavidade acetabular ou em ambas.

Essa condição é mais comum em gestações múltiplas, especialmente na primeira gravidez. Geralmente ocorre no lado esquerdo e sua intensidade é variável: desde leve instabilidade articular até luxação completa do quadril. 

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Embora não se saiba exatamente o que a causa, alguns de seus fatores de risco foram identificados.

Apresentação pélvica

A posição pélvica do bebê durante o terceiro trimestre da gravidez é um fator de risco para displasia do quadril. Além disso, presume-se que essa apresentação do bebê condicione o mecanismo de parto, o que agrega outro fator predisponente.

Oligoidrâmnio

As condições que causam perda parcial de líquido amniótico podem estar relacionadas à displasia do quadril em bebês. Da mesma forma, alguns fatores hormonais maternos e hereditários podem favorecer ambas as condições.

Miomas uterinos maternos

Por ocupar um espaço dentro do útero, os miomas limitam a mobilidade fetal no final da gravidez, e isso tem efeitos prejudiciais no desenvolvimento do quadril. 

Fetos femininos

As meninas são mais propensas a ter displasia do quadril do que os meninos. Especialmente meninas de etnia caucasiana e principalmente se outro membro da família já sofreu da doença. 

Anatomia materna

A pelve estreita pode condicionar o aparecimento dessa alteração no feto, pois limita sua mobilidade dentro do útero.

Manuseio impróprio do bebê

Tanto as técnicas de vestimentas inadequadas, como o uso de mochilas não ergonômicas para carregar o bebê, podem causar displasia de quadril no bebê. 

Como a displasia do desenvolvimento do quadril é diagnosticada?

O diagnóstico de CDD é feito por meio de um exame clínico e é complementado por alguns exames de imagem.

Por meio da observação, o pediatra avalia se há limitação na abertura das pernas do bebê. Além disso, pode identificar qualquer assimetria no comprimento ou na aparência das coxas e nas pregas glúteas de ambos os membros inferiores.

A articulação do quadril é estável quando a cabeça femoral e o acetábulo estão corretamente formados e alinhados fisiologicamente.

Em seguida, complementa-se as informações com a palpação e a realização de duas manobras fundamentais:

  • A Manobra de Barlow é usada para verificar a localização da cabeça femoral.
  • A Manobra de Ortolani é aplicada para detectar possíveis luxações do quadril.

Estudos complementares são solicitados quando há suspeita clínica dessa condição. Sua indicação rotineira, como parte das estratégias de rastreamento, é controversa e se limita aos casos em que há diversos fatores de risco.

  • A ultrassonografia do quadril é a técnica mais utilizada nas primeiras 6 semanas de vida, pois não emite radiação e é um método não invasivo para o bebê.
  • Após os 4 meses de idade, a radiografia convencional do quadril torna-se a técnica de escolha.
  • A tomografia computadorizada é utilizada nos casos mais graves ou quando há dúvidas após aplicar os métodos anteriores.

Como a displasia do quadril em bebês é corrigida?

A detecção precoce da CDD é essencial para o prognóstico da doença, uma vez que o tratamento conservador só é eficaz se realizado nos primeiros 6 meses de vida.

Sabe-se que quanto mais tempo o quadril permanecer deslocado, maior será o desgaste da articulação. Além disso, as chances de a criança recuperar o estado natural dos ossos serão limitadas.

O principal objetivo do tratamento é garantir o correto alinhamento e a estabilização das articulações. Dessa forma, o desenvolvimento pode continuar seu curso natural sem deixar sequelas.

A posição correta dos ossos e músculos do quadril permite que o sangue alcance corretamente todas as estruturas e tecidos para se desenvolver adequadamente.

Tratamento conservador (não cirúrgico)

Até os 6 meses de idade, é a opção preferida. Consiste no uso de arnês ou tala para manter o quadril na posição correta.

No início, a imobilização é usada permanentemente. Com o passar das semanas, se a evolução da criança for satisfatória, os tempos de uso são reduzidos.

Tratamento cirúrgico

Se nenhuma melhora for registrada após 6 meses de tratamento conservador ou o diagnóstico for feito tardiamente, a opção cirúrgica é a mais adequada.

Até 18 meses o alinhamento cirúrgico pode ser realizado sem corte da pele. Após esse período, será necessário operar o quadril por via aberta.

O papel da fisioterapia pediátrica na displasia do quadril

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Em todos os tratamentos de displasia de quadril, a fisioterapia pediátrica oferece vários benefícios. Por um lado, busca aprimorar a noção da criança sobre seu próprio corpo. Por outro, ajuda no controle da dor e melhora a funcionalidade geral da criança.

Quando realizada antes e durante o tratamento não cirúrgico, a fisioterapia ajuda a melhorar a mobilidade. O trabalho físico favorece a oxigenação dos tecidos e ajuda a manter o tônus muscular.

Se realizada apenas antes da cirurgia, ajuda a manter o tônus muscular e preservar a mobilidade articular.

Após a cirurgia, o tratamento fisioterapêutico é essencial para recuperar a mobilidade e a força da articulação. Além disso, caso a criança já esteja se movendo, isso a ajuda a restabelecer a maneira correta de caminhar.

Sobre a importância do diagnóstico precoce da doença

Devemos enfatizar a importância do diagnóstico precoce das doenças infantis, por meio dos exames médicos de rotina. Por meio de avaliações simples, diferentes alterações no desenvolvimento motor podem ser detectadas, como a displasia de quadril em bebês.


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