Educar a partir da perspectiva da criança

Educar 'com olhos de criança', respeitando seu ritmo de amadurecimento e sem forçar nada. Devemos apenas acompanhá-la durante esse processo. É claro que temos necessidades opostas, mas, para educar crianças saudáveis e felizes, precisamos nos colocar no lugar delas.
Educar a partir da perspectiva da criança
Mara Amor López

Escrito e verificado por a psicóloga Mara Amor López.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Educar a partir da perspectiva da criança é educar levando em consideração o processo evolutivo de cada criança, nos adaptando a ele. É importante acompanhar a criança durante seu desenvolvimento, mas, se quisermos estabelecer uma boa conexão com ela, isso deve ser feito a partir da perspectiva dela, e não da nossa como adultos.

É importante estabelecer vínculos seguros com os nossos pequenos. Vínculos que contribuam para que eles cresçam saudáveis. Isso pode ser feito ao respeitar seu processo de amadurecimento com amor e empatia.

A infância é um dos grandes tesouros do mundo. A relação de cada criança com os adultos pode facilitar ou impedir seu desenvolvimento saudável, dependendo de muitos fatores interdependentes.

Como criar laços seguros e saudáveis a partir ​​da perspectiva da criança

É necessário construir uma ponte para conectar o nosso mundo adulto ao da criança. Devemos substituir a visão clássica do modelo adulto (“eu sei, você não sabe”) pelo exercício saudável e pouco frequente da empatia.

O elemento fundamental durante a criação é a nossa perspectiva, isto é, como e a partir de onde nos relacionamos com nossos filhos. Podemos diferenciar dois tipos de perspectiva para que possamos distinguir entre as maneiras de nos relacionar com nosso filho: a vertical e a horizontal.

Educar a partir da perspectiva da criança

Perspectiva vertical

Esse tipo de perspectiva se refere à forma como o adulto direciona o desenvolvimento evolutivo da criança partindo de cima. A ideia aqui é a de que é preciso “ensinar a criança porque ela não sabe”.

Por exemplo: dormir sozinha, mesmo que ainda chame a mamãe chorando; comer de tudo, mesmo que ainda não esteja preparada; compartilhar, mesmo que ainda não tenha chegado o momento de socializar

Esse costume de ‘ensinar’ tudo, até mesmo as funções naturais pelas quais os processos de autorregulação são responsáveis, indica que desconhecemos o ritmo de amadurecimento da criança e sua capacidade de autorregulação.

Perspectiva horizontal

Essa perspectiva é aquela que educa as crianças a partir do respeito e da empatia pelo seu processo de amadurecimento. Assim, o adulto se coloca no mesmo patamar da criança e a acompanha durante seu desenvolvimento com ‘olhos de criança’.

“Ver com olhos de criança significa entender e sentir junto com a criança”.

-Francesco Tonucci, psicopedagogo e desenhista italiano-

Se educarmos a partir da perspectiva da criança, vamos perceber quando ela estiver pronta para dar novos passos no seu desenvolvimento evolutivo em vez de forçá-la a alcançar objetivos para os quais ela ainda não está preparada.

Necessidades das crianças e necessidades dos adultos

Até os 3 anos de idade, as crianças não entendem explicações racionais. Até então, elas só esperam que atendamos às suas necessidades para que sintam que a vida é segura ao nosso lado.

Nesse sentido, o ponto principal para conhecer suas necessidades emocionais e vitais é que isso seja feito com a paciência, o respeito e o apoio emocional de que elas precisam durante os seis primeiros anos de vida. É nessa fase que o caráter da criança e o vínculo seguro são formados.

A perspectiva da criança: diferenças entre as necessidades da criança e do adulto

As necessidades na idade adulta e na infância são opostas por uma razão simples: a diferença na evolução maturacional. As crianças são pequenas e ainda não atingiram a maturidade de um adulto. Pelo contrário, nós somos adultos que já atingimos essa maturidade.

Educar a partir da perspectiva da criança
  • As crianças dependem de nós para crescer – Nós precisamos que elas cresçam o quanto antes para que sejam independentes.
  • Elas precisam da mãe ou do pai para dormir e poder, assim, se sentir seguras – Nós precisamos que elas durmam sozinhas.
  • Os pequenos precisam brincar sem parar, porque essa é a sua maneira de aprender a viver – Nós precisamos descansar depois de trabalhar.
  • Nossos filhos precisam falar sem parar e ter suas preocupações ouvidas – Nós precisamos de um pouco de silêncio após um dia duro no trabalho.

Poderíamos continuar dessa forma, e as necessidades de ambos permaneceriam opostas, às vezes até irreconciliáveis. Isso porque as crianças vivem a partir do prazer. Elas precisam se sentir bem e ter suas necessidades atendidas, enquanto nós vivemos a partir do dever.

Contudo, não podemos nos esquecer de que, para que cresçam saudáveis ​​e seguras, as crianças precisam ter as suas necessidades emocionais atendidas: quando chorarem, precisam que os pais atendam ao seu choro, façam contato corporal com elas e respeitem seu ritmo de amadurecimento.

“A força ou fraqueza do ego da criança dependem da capacidade do cuidador de responder adequadamente à dependência absoluta do bebê nos estágios iniciais da vida”.

-Donald Woods Winnicott-

Educando a partir da perspectiva da criança podemos conseguir que os nossos filhos sejam adultos razoáveis ​​e solidários no futuro. Isso pode ser feito se nos colocarmos no lugar deles, respeitando seus ritmos evolutivos. Dessa maneira, eles crescerão como crianças saudáveis ​​e felizes.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.