Eu fiz um pedido e você se tornou realidade

Eu fiz um pedido e você se tornou realidade
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 22 dezembro, 2021

Ter um filho é muito mais que um desejo, mais que uma esperança e, inclusive, o sempre discutido ideal de realização da mulher. Ter uma nova vida nos nossos braços é colocar no nosso horizonte um projeto de vida, é ter um coração fora do corpo, e curtir a todos os momentos essa criatura perfeita.

Frequentemente, no mundo científico e dos estudos psicológicos,é abordado o tema do porquê uma mulher deseja ser mãe. Poderíamos dizer, sem dúvidas, que tal desejo é pessoal, uma coisa íntima e às vezes inexplicável. No entanto, os cientistas, sempre querendo isolar variáveis, nos dizem que quase sempre se deve a três razões.

A primeira é consolidar o vínculo com o companheiro, criando um projeto em comum, um projeto de vida. A segunda é se realizar como mulher. A terceira, e um pouco mais transcendental, encontrar um significado para a própria existência ao fazer parte do projeto mais bonito, o de ser mãe ou pai.

Pode ser que estejamos de acordo com alguns desses fatores. No entanto, no que podemos sem dúvidas concordar é que “existe algo que vai mais além” de tudo isso. Porque o desejo de ter um filho, por vezes, não é compartilhado pelo companheiro. Há diferentes visões e situações.

Há algumas vezes, inclusive, que esse bebê chega sem ser esperado e se transforma, sem dúvidas, no melhor que poderia ter acontecido. Ter um filho vai muito mais além do mero desejo. Propomos a você refletir sobre isso.

Fiz um desejo que demorou para se realizar, mas finalmente te tenho ao meu lado

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Existem crianças que foram longa e pacientemente desejadas. Criaturas sonhadas que demoram para chegar, mães que não conseguem engravidar, pessoas que sonham em se tornar pais e famílias que passaram por várias tentativas frustrantes, até que… Acontece o milagre e o desejo toma forma.

Seja individualmente ou em casal, há pessoas que desejam ter filhos, mas esperam o momento mais adequado. Aquele instante em que o emocional e o econômico se combinam e proporcionam esse momento mágico. No entanto, exatamente quando o momento perfeito chega, descobrem que não é possível, que os testes sempre dão negativo e que a gravidez não acontece. É nesse momento, quando não há outra opção além de buscar ajuda, é que se tenta recorrer a técnicas de reprodução assistida.

Por sua vez, algo de que nem sempre se fala é sobre a “neura” psicológica e emocional à qual ficam submetidas as mamães e seus companheiros. O estresse, as esperanças, as expectativas e as frustrações criam, por vezes, uma situação que dificulta ainda mais o processo. São situações muito complexas, marcadas pelo forte desejo de se tornar pais e que, em grande parte dos casos, termina em sucesso.

A “criança imaginária” que vive em nós

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Esse belíssimo quadro, pintado por Henry James Draper, no final do século XIX, representa o momento mágico em que uma ninfa vê ser realizado seu desejo de ser mãe. O próprio autor explicou que imaginou a jovem mulher passeando com tristeza por uma praia até que, de repente, em um cabo rochoso, vê uma grande concha envolta em algas.

Sem pensar duas vezes, ela puxa as algas e imediatamente a concha se abre, deixando à vista um bebê rosado, perfeito e doce, mergulhado em um sono tranquilo. A ninfa, então, agradece ao mar e pega o pequeno em seus braços.

Esse mesmo sonho com a chegada de um filho e a maternidade, é sempre acompanhado pela prática mental da “criança imaginária”. Longe de ver essa imagem emocional e psicológica como algo pouco adequado, a verdade é que pode ser extremamente benéfico sempre e quando se mantiver a perspectiva da lógica e do realismo.

  • Não se trata, por exemplo, de atribuir a essa sonhada criança virtudes de beleza e inteligência, de dotá-la na nossa mente de características como a obediência, o sucesso escolar ou uma personalidade sempre afetuosa e dócil.
  • O ideal é sonhar sendo feliz na companhia dessa criança. Esse pequeno não tem por que ser advogado, pianista ou jogador de futebol. Ele vai ser o que ele quiser. Damos forma, em nossa mente, a um pequeno que no dia de amanhã vai ser capaz de alcançar o que for proposto, nos imaginamos educando, ajudando, sendo uma mão sempre estendida e uma luz constante em todas as fases da vida pela qual vai passar.

Para concluir, o desejo de ser mãe ou pai responde, sem dúvidas, à múltiplas razões que não podem ser analisadas em laboratório. É simplesmente a ânsia de completar nossa vida, de oferecer ao mundo uma criatura feliz e livre à qual daremos asas para voar e proporcionaremos raízes para que se lembre de onde vem e quem o amará para sempre.

Os desejos são, primeiramente, sonhados e, mais tarde, saboreados quando se tornam realidade. Aproveite cada dia com o seu pequeno tesouro…


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