Excesso de higiene pode causar dermatite atópica em crianças

Nos últimos tempos, os hábitos de higiene aumentaram. No entanto, a limpeza excessiva também pode ser prejudicial à sua pele. Nós vamos contar tudo sobre isso.
Excesso de higiene pode causar dermatite atópica em crianças

Última atualização: 23 abril, 2022

A dermatite atópica é uma das patologias dermatológicas mais frequentes da infância e, embora tenha uma grande componente genética, não é a única causa que justifica o seu aparecimento.

Hoje vamos falar sobre o papel que o excesso de higiene desempenha na gênese do problema, para que você possa adaptar as práticas de limpeza do seu filho. Não perca!

O que é a dermatite atópica?

A dermatite atópica é uma das doenças crônicas de pele mais comuns em crianças. Começa na primeira infância e se manifesta através de pele seca, surtos de eczema, espessamento e coceira intensa da pele.

Ocorre entre 10 e 30% das crianças que vivem em países desenvolvidos e acredita-se que isso possa estar relacionado ao grau de contato com substâncias alergênicas e irritantes do meio ambiente.

bebê com dermatite atópica eczema bochechas rosto
A dermatite atópica é uma doença multifatorial, resultante da combinação da genética e do ambiente.

Por que a dermatite atópica é desencadeada?

O mecanismo pelo qual essa patologia se desenvolve não está totalmente claro, mas é impressionantemente resultado da interação entre os seguintes fatores:

  • Má regulação do sistema imunológico ou defesas.
  • Defeitos na função da barreira da pele.
  • Ação de agentes infecciosos, como vírus, bactérias e fungos.
  • Contato com toxinas e alguns irritantes ambientais.

Embora o fator genético seja necessário para o desenvolvimento da doença, a ação de estímulos ambientais sobre a pele delicada favorece seu aparecimento.

A dermatite atópica é frequentemente a primeira manifestação de atopia (ou alergia) em bebês que mais tarde desenvolvem asma ou febre do feno na infância.

De acordo com uma publicação no Turkish Journal of Medical Sciences, acredita-se que as mudanças ambientais relacionadas ao estilo de vida moderno sejam responsáveis pela atual epidemia de alergia.

Muita higiene causa dermatite atópica?

Existem algumas teorias que relacionam hábitos de higiene excessivos com o desenvolvimento de doenças atópicas. De fato, alguns especialistas baseiam esse raciocínio no fato de que as crianças estão cada vez mais expostas a ambientes “mais limpos”.

Além disso, foram descritos outros fatores ligados ao estilo de vida moderno que poderiam explicar o aumento das patologias alérgicas em nossa época. Entre os mais destacados, são citados:

  • Dieta.
  • O uso excessivo de antibióticos.
  • Famílias pequenas.
  • Higiene excessiva.

Hipótese da higiene

A hipótese da higiene foi introduzida pelo epidemiologista David Strachan em 1989. O especialista detalha que a exposição reduzida a germes durante a infância pode causar respostas imunes anormais ao contato com certos agentes ambientais inofensivos.

Strachan descobriu que bebês com mais irmãos desenvolviam alergias com menos frequência do que filhos únicos. Mesmo outros marcadores indiretos de exposição microbiana (como a idade dos irmãos, o habitat natural e o contato com o gado e outras espécies que vivem em áreas rurais), também foram associados a um menor risco de sofrer de patologias alérgicas.

Assim, o que se propõe é que a exposição das crianças a patógenos do meio ambiente e a germes comuns contribuiria para o desenvolvimento de seu sistema imunológico.

Opções terapêuticas para a dermatite atópica em crianças

Manter uma barreira cutânea forte e saudável ajuda a evitar a penetração de algumas substâncias nocivas capazes de ativar o sistema de defesa. Consequentemente, isso se traduz em um menor risco de desenvolver dermatite atópica.

Embora não existam tratamentos curativos para modificar a genética ou alterar a imunidade natural, os pilares fundamentais do tratamento dessa doença são a correta hidratação da pele e a aplicação de corticosteroides tópicos.

Hidratação adequada

A hidratação da pele é um dos pontos principais para melhorar esse tipo de patologia, pois aumenta a qualidade e as propriedades físicas da barreira cutânea. De fato, a aplicação de emolientes suaves desde o nascimento pode oferecer ao bebê a proteção necessária para prevenir a inflamação precoce de sua pele.

Os primeiros 20 meses de vida são importantes, pois quanto mais hidratada estiver a superfície da pele, menos coceira e surtos de atopia surgirão.

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As práticas de higiene e a escolha de produtos cosméticos podem afetar o desenvolvimento da doença.

Escolha de roupas e cosméticos

O ideal é evitar sabonetes ou produtos de higiene com alta concentração de fragrâncias. Na verdade, é melhor evitar o contato direto dos perfumes com a pele do bebê e aplicá-los na roupa, em quantidades mínimas.

Outra boa opção para cuidar da pele dos pequenos é usar roupas 100% algodão e evitar tecidos sintéticos e lã.

Banhos curtos

Dar banho em crianças predispostas a desenvolver dermatite atópica favorece ainda mais o aparecimento de surtos. Portanto, é aconselhável tomar banhos curtos em água morna. Isso ajuda a limpar e hidratar a pele sem danificá-la e favorece a penetração dos cremes.

Além disso, produtos de limpeza hidratantes e com pH neutro são recomendados. Após o banho, a pele deve ser suavemente seca (sem esfregar) e bastante creme hidratante aplicado para ajudar a evitar a perda de umidade e o tecido seco da pele.

Medicação tópica e oral

A primeira linha de tratamento anti-inflamatório são os corticosteroides tópicos ou inibidores da calcineurina. Até mesmo medicamentos que reduzam a resposta inflamatória de todo o corpo (ou sistêmica) também podem ser necessários nos casos mais graves.

Cuidados para prevenir a dermatite atópica

Em conclusão, existem múltiplas causas e fatores desencadeantes da dermatite atópica na infância. Por isso, o ideal é manter uma barreira cutânea funcional e saudável, por meio da hidratação constante e do uso adequado de produtos de higiene isentos de álcool, fragrâncias ou produtos químicos.


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