Os riscos do uso do Paracetamol para o feto durante a gestação

Os riscos do uso do Paracetamol para o feto durante a gestação
Eva Maria Rodriguez Diego

Escrito e verificado por a redatora profissional e especialista em educação física Eva Maria Rodriguez Diego.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

É de conhecimento geral que durante a gravidez é preciso ter muito cuidado com os remédios que se toma, já que eles podem provocar problemas no desenvolvimento do feto. Um dos medicamentos que normalmente tem o seu uso controlado para grávidas é o Paracetamol. Mas um novo estudo descobriu que a ingestão do Paracetamol durante a gestação pode influenciar negativamente no desenvolvimento do feto.

Esse novo estudo percebeu que o Paracetamol está fortemente associado com os sintomas do tipo do autismo em bebês do sexo masculino, e que em ambos os sexos está ligado a sintomas como a falta de atenção e a hiperatividade. Esses achados foram publicados nesta semana no periódico científico International Journal of Epidemiology.

Como você verá a seguir, o Paracetamol não é tão inofensivo como parece e, ainda que ministrado em pequenas doses não pareça interferir no desenvolvimento fetal, consumi-lo de forma persistente pode trazer consequências importantes para o feto.

A exposição pré-natal da gestante ao paracetamol traz riscos

Esse é o primeiro estudo desse tipo que informa a associação independente entre o uso do paracetamol nos sintomas da gravidez e o risco de autismo nas crianças. Além disso, é o primeiro estudo que relata diferentes efeitos em meninos e meninas. Ao comparar de forma contínua a crianças não expostas, o estudo constatou um aumento de 30% no risco de danos a algumas funções ligadas à atenção, e um aumento de dois sintomas clínicos do tipo autismo em meninos.

Os investigadores recrutaram na Espanha 2644 casais de mães e filhos. Um percentual de 88% foi avaliado quando a criança tinha um ano de idade, e o percentual de 79,9% foi avaliado quando tinham cinco anos de idade. As mães foram questionadas sobre o uso de Paracetamol durante a gravidez e a frequência desse uso, se foi esporádica ou persistente. As doses exatas foram levadas em consideração devido à dificuldade geral em lembrar esse dado.

Um percentual de 43% das crianças avaliadas que tinha um ano de idade, e o de 41% avaliado aos 5 anos de idade não foram expostos ao Paracetamol em nenhum momento durante as 32 semanas de gestação. Quando se avaliou aos cinco anos de idade, as crianças expostas se encontravam com maior risco de apresentarem sintomas de hiperatividade ou impulsividade. As crianças expostas constantemente mostraram um pior rendimento em um exame computadorizado que media a falta de atenção, a impulsividade, e a velocidade de processamento visual. Os meninos também mostraram mais sintomas do tipo autista quando foram expostos seguidamente ao Paracetamol.

A relação entre o Paracetamol e o desenvolvimento neurológico

De acordo com os pesquisadores, o Paracetamol poderia ser prejudicial para o desenvolvimento neurológico por vários motivos. Em primeiro lugar, porque alivia a dor agindo sobre os receptores canabinoides no cérebro. Pelo fato de esses receptores normalmente ajudam a determinar como os neurônios amadurecem e se conectam entre si. O Paracetamol poderia alterar esses importantes processos.

Os pesquisadores também explicaram que o Paracetamol, além disso, poderia afetar no desenvolvimento do sistema imunológico, ou ser diretamente tóxico sobre alguns fetos que podem não ter a mesma capacidade que um adulto tem para metabolizar esse fármaco. Outra forma pela qual o Paracetamol pode afetar o desenvolvimento do feto é mediante a criação de estresse oxidativo. O estresse oxidativo é causado por um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas do oxigênio e a capacidade de um sistema biológico de decodificar rapidamente os reagentes intermediários ou reparar o dano resultante.

O abuso no uso do Paracetamol durante a gestação também poderia ser uma explicação do porque de os meninos serem mais propensos a apresentar sintomas do tipo autista. Conforme explicam os pesquisadores, o cérebro masculino pode ser mais vulnerável às influências nocivas durante a mais tenra fase da vida, o qual poderia explicar a associação.

O estudo concluiu que a exposição generalizada ao Paracetamol no útero materno poderia aumentar o número de crianças com sintomas de TDAH ou do tipo autista. No entanto, destacaram também que devem ser realizados estudos com medições mais precisas de dosagem, e que os riscos e benefícios do uso do Paracetamol durante a gravidez, e nos primeiros meses de vida do bebê devem ser avaliados previamente, à recomendação do tratamento através do uso desse medicamento.


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