Torção ovariana: sintomas e tratamento
O sistema reprodutor feminino é uma máquina perfeitamente projetada para conceber e abrigar uma nova vida. No entanto, nenhum órgão do nosso corpo está isento de possíveis danos.
Nesse sentido, os ovários são uma das estruturas mais vulneráveis em todo o sistema devido à sua estrutura e localização. Suspensos por finos ligamentos, eles podem girar sobre si mesmos e levar a uma condição potencialmente séria chamada torção ovariana.
Um dos principais determinantes do bom prognóstico dessa condição é o tempo, por isso é fundamental que todas as mulheres conheçam os sintomas para que possam procurar o médico o mais rápido possível. Neste espaço, vamos contar tudo o que você precisa saber sobre essa emergência ginecológica.
Os ovários: pequenos gigantes
Essas pequenas estruturas têm aproximadamente o tamanho de uma amêndoa. No entanto, como costumamos dizer, “é nos menores frascos que estão os melhores perfumes”. A partir de seus minúsculos tecidos, os óvulos necessários para criar uma nova vida são produzidos mês a mês e, além disso, são fabricados os hormônios sexuais femininos.
Por razões obscuras, os ovários estão suspensos por ligamentos musculares dentro da cavidade pélvica. Estes são os seguintes:
- Tubo-ovárico: une o ovário à trompa de Falópio.
- Útero-ovárico: estabelece a união entre o ovário e o útero.
- Mesovário: é uma porção do ligamento largo do útero e por meio dele circulam os ramos ovarianos da artéria uterina.
- Ligamento suspensor (ou infundíbulo pélvico): une o ovário à pelve e contém a veia e a artéria ovariana, bem como as fibras nervosas dessa estrutura.
Dessa forma, os ovários não mantêm uma postura estática mas, ao contrário, movem-se com os deslocamentos das trompas e devido às mudanças bruscas de posição.
Como ocorre a torção ovariana?
Como vimos, os ovários estão suspensos por cordões (ligamentos), mas não estão presos a nenhuma estrutura. Por essa razão, eles podem girar em seu próprio eixo e torcer os referidos ligamentos.
O problema é que os vasos sanguíneos que fornecem oxigênio e nutrientes para a gônada passam pelos ligamentos mesovário e infundíbulo pélvico. Portanto, quando estes são torcidos, seus vasos colapsam e o sangue fica retido neles. Após um período de tempo, os tecidos ovarianos perdem vitalidade e necrosam (morrem).
Fatores predisponentes
Embora não haja uma causa específica para a torção ovariana, existem algumas condições que favorecem o seu aparecimento.
A seguir, descreveremos os fatores mais frequentemente associados à torção do ovário:
- Trompas longas e móveis (características da adolescência).
- Massa sólida ou cística que causa aumento do ovário.
- Ovário direito (o cólon direito, mais especificamente o ceco, permite maior mobilidade).
- Hiperestimulação hormonal (por causa da puberdade, uma gravidez ou tratamentos de fertilização).
- Exercícios intensos e de impacto.
- Ligadura de trompas.
Em geral, a torção ovariana é uma patologia comum em mulheres em idade reprodutiva, embora casos também tenham sido descritos em meninas pré-púberes.
Quais sintomas sugerem a possibilidade de uma torção ovariana?
A torção ovariana é uma das principais causas de abdome agudo ginecológico. Como tal, caracteriza-se por causar dor abdominal baixa e intensa, que é acompanhada de sintomas gerais e que leva a uma deterioração progressiva do estado de saúde da mulher (Provenzano, 2006).
Embora nenhum dos sintomas que acompanham essa doença sejam exclusivos dela, os mais notáveis são os seguintes:
- Dor abdominal intensa, brusca e penetrante na parte inferior do abdômen.
- Às vezes, com irradiação para a pelve ou as costas.
- Náusea e vomito.
- Febre (especialmente quando há necrose do ovário).
- Sangramento vaginal.
- Apatia e cansaço.
- Pode se apresentar com uma massa palpável no abdômen.
O diagnóstico a partir das manifestações clínicas não é simples, pois se assemelha a muitas patologias intestinais ou urinárias. No entanto, a torção ovariana deve ser considerada em todas as mulheres, especialmente durante o período fértil da vida.
Qual é o tratamento para a torção ovariana?
Uma vez suspeitado esse diagnóstico, é conveniente realizar a ultrassonografia Doppler do ovário para determinar a presença ou não de fluxo vascular nessa estrutura. Isso não só corrobora a presunção, mas também determina a urgência do tratamento.
Em geral, quando o ovário não retorna ao seu estado normal espontaneamente, é necessário fazer isso manualmente por meio de cirurgia.
Laparoscopia versus laparotomia
Uma das técnicas mais conservadoras é a laparoscopia, que envolve a introdução de uma câmera de vídeo e algumas pinças muito pequenas através do umbigo e outras aberturas abdominais. Essa prática funciona como elemento diagnóstico e terapêutico, pois pode facilitar o reposicionamento do ovário.
No próprio ato cirúrgico, o especialista avaliará o estado do órgão e determinará sua viabilidade. Embora existam sinais muito característicos de necrose ovariana, alguns estudos sugerem que a apreciação visual do cirurgião não é infalível e que muitas vezes leva a decisões erradas.
Por outro lado, quando cistos ou massas tumorais são encontrados, o cirurgião removerá essas estruturas patológicas e tentará deixar o máximo possível de ovários saudáveis.
Em todas as circunstâncias em que for possível, o ovário deve ser deixado dentro da cavidade abdominal, principalmente quando se trata de mulheres em idade fértil. No entanto, não existe um consenso universal que indique em quais casos é conveniente remover completamente a gônada.
Por fim, nos casos em que a técnica laparoscópica não seja a melhor opção, será escolhida a cirurgia convencional ou laparotomia.
A importância do diagnóstico precoce
Como vimos ao longo do artigo, os ovários são órgãos muito importantes para as mulheres. Não só para fins reprodutivos, mas para a sua saúde em geral, pois são as glândulas que produzem os hormônios sexuais.
Paradoxalmente, são estruturas vulneráveis e extremamente sensíveis. Por isso, é importante preservar ao máximo sua saúde.
A torção ovariana pode afetar qualquer mulher, até mesmo meninas antes de iniciarem a menstruação. Desta forma, é importante saber como essa condição se manifesta para garantir uma consulta urgente e um diagnóstico precoce.
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