De casal a família: como a chegada do bebê influencia

Antes da chegada do bebê, é importante que o casal busque momentos para conversar e se expressar. Assim será possível desenvolver o apoio mútuo.
De casal a família: como a chegada do bebê influencia

Última atualização: 29 novembro, 2021

Individualidade, casal, família: a chegada de um bebê influencia a vida em vários níveis. Você vive com muita satisfação, mas a cada momento tudo parece árduo e difícil. É verdade que nunca estamos 100% prontas, mas também é verdade que a preparação ajuda muito. Vamos ver por quê.

O lado B da chegada de um bebê

Todos imaginam o lado A de ter um filho: a alegria de se tornarem pais, a ternura que um bebê inspira, a descoberta de uma nova forma de amar até então desconhecida e inimaginável.

No entanto, não se fala muito sobre o lado B, pois ainda existem muitas ideias tradicionais e preconceituosas sobre a paternidade.

Muitas pessoas podem até chegar a acusar uma mulher de ser uma mãe ruim que ousa dizer em voz alta que quer devolver o filho depois de passar vários dias sem dormir ou sem poder ir ao banheiro com facilidade. Há também quem ache que a mãe exagera ao reclamar de trocar fraldas mais de 5 vezes ao dia.

A experiência da chegada de um bebê em uma família é desgastante, e cada pessoa é afetada de uma forma muito particular. Soma-se a isso o desafio de cuidar da vida do casal.

Pais exaustos dormindo juntos com o bebê na cama.

Então o que podemos fazer?

Em primeiro lugar, temos que aceitar a mudança, pois negá-la e tentar manter tudo como era antes nos deixa sem recursos para enfrentar uma nova situação. A aceitação nos permite adquirir novas competências e habilidades e nos ajuda a alinhar as expectativas.

Aceitar a chegada do bebê leva tempo e a gravidez é um bom momento para se preparar. Conversar sobre como vocês vão se organizar após o nascimento ajuda a aliviar o fardo e a facilitar a transição para a paternidade.

É importante entender que para os pais esse novo desafio será mais ou menos difícil de enfrentar, dependendo da dinâmica anterior que o casal tinha.

Os melhores indicadores de sucesso são a comunicação, o afeto, a confiança, o apoio mútuo e a capacidade de resolver problemas. Em contrapartida, um casal hermético, que não se comunica ou espera “explodir” para enfrentar o que os incomoda, são indicadores negativos.

É verdade que a chegada de um bebê na família tem sua complexidade, mas não é preciso depositar no novo membro toda a culpa e inseguranças do casal já existente. Cada pessoa deve assumir a responsabilidade pelo que lhe corresponde e não projetar suas frustrações nos outros.



Algumas dicas para colocar em prática antes da chegada do bebê

Aqui estão algumas sugestões que podem ser colocadas em prática depois de se tornar pai e mãe pela primeira vez:

É importante conseguir encontrar um momento do dia para conversar, para compartilhar com o outro o que estamos sentindo, como emoções, medos, inseguranças, e também para fornecer apoio mútuo. Aquelas conversas sem fim não são necessárias, às vezes é necessário apenas alguns minutos entre adultos.

Readequar os planos

É importante ser flexível e entender que tudo tem seu tempo, de forma que as expectativas devem ser adaptadas a cada etapa que temos que viver.

Talvez não haja mais tanto tempo disponível, mas você não precisa sair para jantar à luz de velas para ficar algum tempo sozinha com seu parceiro. Às vezes, enquanto o bebê dorme, um café da manhã na cama pode ser o encontro perfeito.

Além disso, é conveniente organizar para que cada um tenha um tempo de lazer individual.

Aprender a pedir ajuda

A chegada de um bebê é um desafio para qualquer pessoa e nos conecta com nossa própria infância e nossos próprios medos. Portanto, não é hora de acreditar que somos onipotentes e que podemos fazer tudo sozinhos.

Nessa fase, nada melhor do que aprender a pedir e a aceitar ajuda. Claro, ambas as partes devem estar envolvidas na paternidade e compartilhar responsabilidades.

Substituir reprovações ou reclamações por desejos e projetos

Muitas vezes dizemos frases como: “Você não faz mais (tal coisa) como antes” e focamos na ausência. Por outro lado, além de ouvir uma reclamação, acrescenta-se um ônus.

Em vez disso, o mais conveniente é apostar em algo mais positivo, que incentive o outro a se conectar com a boa lembrança: “Você lembra quando…? Vamos fazer isso de novo quando pudermos!” ou “Gostei muito quando…”.

Apoiar-se mutuamente ter empatia um com o outro

Ambos os membros do casal estão envolvidos na mudança, mas há uma grande responsabilidade que recai sobre a mãe. É a mulher que vê seu corpo se transformar, que vive uma revolução hormonal e de quem o bebê passa a depender durante a maior parte do dia.

Uma atitude de compreensão é fundamental e até mesmo essencial para reforçar e destacar seus esforços : “Você está se saindo muito bem” ou “Estou orgulhoso de como você está lidando com as coisas“.

Envolver-se também requer conhecer as mudanças pelas quais a parceira passa na gravidez, na amamentação e no pós-parto. E, claro, é preciso evitar comentários referentes ao corpo da mulher, sua aparência ou seus cuidados.

Casal abraçando barriga da grávida.



Uma mensagem para os casais

É importante saber que tudo passa, que tudo tem um tempo e que as noites sem dormir, com o choro permanente como música de fundo, também.

À medida que o bebê cresce, vocês voltarão a ter momentos para o casal e a desfrutar de outras (e novas) experiências juntos. É importante acalmar as ansiedades, aprender a lidar com a frustração gerada pelas mudanças e desfrutar dessa nova família.

Reconhecer que a chegada de um bebê implica uma revolução também alivia a pressão de querer (ou ter que) fazer tudo certo e perfeito.

E se enfim o desafio de deixar de ser dois e passar a ser três for muito difícil para um casal, é preciso ser sincero e reconhecer isso, mesmo se envolver muita dor e frustração. Nesse sentido, a terapia de casal pode ser de grande ajuda.

Mas, acima de tudo, é importante não tomar seus filhos como reféns ou como bode expiatório em um relacionamento que não funciona. Às vezes, a separação é melhor para todo o sistema familiar. Conversar em bons termos e com respeito é a coisa mais saudável a se fazer.


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