Cocô branco em bebês e crianças: causas e tratamento

O cocô dos pequenos não passa despercebido e, muitas vezes, desperta enorme preocupação nos pais. O que acontece quando eles apresentam essa cor?
Cocô branco em bebês e crianças: causas e tratamento

Última atualização: 28 março, 2022

Observar mudanças na cor do cocô é muito comum na infância. Porém, nem todas as cores são normais e é importante saber quais são os sinais que indicam a necessidade de consultar o pediatra. O cocô branco é uma bandeira vermelha e vamos contar por que isso acontece. Não deixe de ler!

O que o cocô branco representa?

Esse tipo de cocô é chamado de acolia e representa a falta de seu pigmento usual, o estercobilinogênio. Essa substância é normalmente produzida pelo fígado e é derivada da bile.

Por que ocorre acolia?

Quando, por algum motivo, a bile não consegue atingir o trato digestivo, as fezes ficam mais claras ou totalmente brancas. Muitas são as condições capazes de gerar essa situação. Elas são classificadas de acordo com o local onde ocorrem:

  • Causas intra-hepáticas: são doenças que ocorrem no fígado e que afetam principalmente a produção de bile. Entre elas, destaca-se a hepatite.
  • Causas extra-hepáticas: incluem aquelas condições que causam uma obstrução nas vias de saída da bílis (ducto biliar), em algum ponto do trajeto que liga o fígado ao intestino. Por exemplo, a atresia biliar.

De uma forma ou de outra, o resultado é o mesmo: a bile não chega ao destino final e o cocô fica sem cor.

Quando o fluxo no ducto biliar para, a bile fica retida nas células do fígado (hepatócitos), causando danos à função e à estrutura do fígado. Essa condição é conhecida como coléstase.

Doenças relacionadas ao cocô branco

  • Infecções perinatais.
  • Atresia biliar.
  • Malformações do ducto biliar, como cistos do colédoco.
  • Hepatite (viral, tóxica ou medicamentosa).
  • Doenças genéticas, como a síndrome de Alagille.
  • Erros inatos do metabolismo, como a fibrose cística.
  • Defeitos hereditários, como coléstase intra-hepática familiar progressiva (CIFP).
  • Tumores do ducto biliar.
  • Colangite esclerosante primária.
  • Doenças autoimunes.

Todas essas condições de saúde podem causar coléstase e, consequentemente, cocô branco. É importante saber que nem todas se manifestam nas mesmas fases da vida e que, para se chegar ao diagnóstico final, é necessário consultar um especialista em hepatologia pediátrica.

Quais outros sintomas acompanham o cocô branco?

Criança sendo examinada no médico.

Como mencionamos anteriormente, quando a bile não chega ao intestino, ela fica retida no fígado. Isso causa vários danos que provocam sinais e sintomas perceptíveis na criança.

Abaixo, detalhamos aqueles que mais frequentemente acompanham o cocô branco:

  1. Aumento do fígado (hepatomegalia): o acúmulo de bile faz com que o órgão se expanda e, por sua vez, endureça. Dessa forma, ele pode ser sentido de fora do abdômen e, em casos graves, pode ser visto a olho nu.
  2. Tonalidade amarelada da pele e mucosa (icterícia): quando a bile não consegue sair pelo ducto biliar, ela é liberada no sangue e viaja por todo o corpo. Seus pigmentos (bilirrubina) se depositam na pele e nas mucosas e provocam a característica coloração amarelada.
  3. Escurecimento da urina (colúria): como na icterícia, a bile que viaja pelo sangue é eliminada pela urina. Isso faz com que o fluido adquira uma cor mais escura do que o normal, semelhante à das bebidas à base de cola.
  4. Dor ou sensação de peso abdominal: ocorre como consequência do aumento do fígado e do acúmulo de líquidos no abdômen.
  5. Náusea e vomito.
  6. Coceira na pele: os depósitos de bilirrubina causam coceira na pele.
  7. Aumento do baço: devido à obstrução dos vasos sanguíneos abdominais.
  8. Desnutrição: ocorre como consequência das dificuldades na absorção de nutrientes que acontecem quando a bile não chega ao intestino.

Quando devo consultar o pediatra?

Enquanto o cocô de bebês e crianças tende a variar com o tempo, é importante saber quais mudanças são esperadas e quais não.

Como regra geral, cocô branco nunca é normal e justifica uma consulta com o pediatra. Principalmente se forem encontrados alguns dos sintomas que geralmente acompanham esse quadro.

Outras cores de cocô que podem sugerir doença

Além do cocô branco, existem outras tonalidades que podem indicar a presença de um problema de saúde a que se deve prestar atenção. Porém, antes de mais nada, é preciso analisar a ingestão alimentar dos dias anteriores, já que os pigmentos de alguns alimentos também podem colorir as fezes das crianças.

Preto

Após o estágio de mecônio, o cocô dessa cor pode levar à suspeita de sangramento digestivo. Essa condição é conhecida como melena e envolve sangramento intestinal alto, pois o sangue foi degradado pelo ácido gástrico. Em geral, são espessos e fedidos, e o estado geral da criança costuma estar comprometido.

Em outros casos, as fezes pretas são transitórias. Em uma criança sem sintomas de doença, podem ocorrer como resultado da ingestão de certos medicamentos. Por exemplo, creme de bismuto ou suplementos de ferro.

Vermelho

A cor vermelha nas fezes deve sempre nos alertar. Embora alguns alimentos possam manchar o cocô dessa cor (como a beterraba), quando não há histórico dessa ingestão e, principalmente, se a criança apresentar dor abdominal ou vômito, é necessário descartar sangramento digestivo inferior. Outras doenças que podem estar associadas a esse tipo de hemorragia são alergias alimentares, certas infecções e obstruções intestinais.

Laranja

Em geral, é uma mudança de cor que responde aos pigmentos presentes nos alimentos ou no próprio intestino. No entanto, também pode indicar a presença de sangue misturado com as fezes. Por isso, vale a pena consultar o pediatra.

Cinza

Tal como acontece com o cocô branco, as fezes cinzentas podem sugerir uma má absorção de nutrientes. Por esse motivo, é aconselhável avaliar a criança se ocorrerem repetidamente.

É importante destacar que os diferentes tons de marrom, amarelo e verde são normalmente normais na maioria dos casos.

Quais são os tratamentos para o cocô branco?

Isso vai depender da causa subjacente, pois, como vimos, existem muitas doenças que podem causar isso. O diagnóstico precoce e o conhecimento médico sobre as causas mais frequentes em cada idade desempenham aqui um papel fundamental.

Sempre que houver causas reversíveis, o objetivo será corrigi-las e permitir que o fígado volte ao seu estado normal de saúde.

Por exemplo, se a criança está desenvolvendo hepatite por fármacos (como o paracetamol) ou secundária a uma intoxicação (como o álcool), o correto é suspender a ingestão dessas substâncias e oferecer as medidas adequadas para acelerar a recuperação. Entre eles, os medicamentos “antídotos” e um bom suporte nutricional e de hidratação.

Leia mais: Como agir no caso de um envenenamento em crianças?

Mas quando as causas da acolia não são reversíveis, o tratamento buscará fornecer o suporte necessário para garantir a sobrevivência até o transplante de fígado e ducto biliar.

Esse “suporte” da criança será realizado de várias maneiras:

  • Cirurgias paliativas, para restabelecer o fluxo de bile por meio de circuitos alternativos.
  • Medicamentos que estimulam o fluxo biliar, como o ácido ursodesoxicólico.
  • Tratamento nutricional adequado, com rígido controle do crescimento.
  • Controle de infecção.
  • Acompanhamento multidisciplinar periódico.

Sobre o cocô branco em bebês e crianças

Pai olhando para a fralda do filho porque ele fez cocô.

As mudanças no cocô motivam inúmeras consultas com o pediatra e, muitas vezes, preocupam os pais.

Por outro lado, essas mudanças podem ser completamente normais e esperadas durante o processo de amadurecimento do sistema digestivo. Por outro lado, podem alertar para a existência de algumas condições de saúde que requerem mais atenção. Assim como acontece quando aparece o cocô branco.

Por fim, é importante perguntar ao pediatra o que esperar em cada momento da vida e conhecer aqueles sinais de alerta que não devem ser ignorados.


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