A evolução do conceito de deficiência intelectual

A deficiência intelectual nem sempre foi entendida da mesma maneira. Saiba como o termo evoluiu ao longo dos anos.
A evolução do conceito de deficiência intelectual

Última atualização: 28 agosto, 2019

Atualmente, pessoas com deficiência intelectual estão em evidência em nossa sociedade. Mas esse nem sempre foi o caso, pois houve uma grande evolução do conceito de deficiência intelectual ao longo dos anos.

Isso implicou em uma mudança positiva na maneira de tratar este grupo. Hoje em dia, tenta-se oferecer a essas pessoas uma educação que favoreça: 

  • inclusão educacional.
  • A inserção social.
  • Uma vida tão autônoma quanto possível.

“A deficiência não define você; define como você lida com os desafios que a deficiência lhe apresenta”.

– Jim Abbott –

Conceito de deficiência intelectual até o século XIX

Até o século XIX, a deficiência intelectual não era diferente de outros transtornos e era considerada uma forma de demência. De fato, foi somente neste século que os estudos científicos em indivíduos com deficiências intelectuais começaram e, com eles, a possibilidade de aprendizagem, graças à atenção e ao ensino adequados.

Um desses famosos estudos é “O menino selvagem de Aveyron”, realizado pelo médico Itard. Com esse experimento, pequenos avanços educacionais foram alcançados através de um programa de treinamento sistemático com Victor, um menino selvagem da floresta de Aveyron, na França.

criança com deficiência física

Isso mostra que, ao estabelecer uma boa intervenção pedagógica, a aquisição e o aprimoramento de várias competências podem ser alcançados.

Graças a essas conclusões, a sociedade começa a formar uma nova concepção desse grupo e a tomar consciência da necessidade de atendê-los. Assim, instituições são criadas para prestar assistência a pessoas com deficiência intelectual.

Mais tarde, no final do século XIX e na primeira metade do século XX, esses organismos mudaram de propósito e tornaramse centros educacionais e de aprendizado.

Conceito de deficiência intelectual até o século XX – XXI

Com o passar do tempo, a partir do final do século XX e ao longo do século XXI, a existência de instituições para os deficientes intelectuais desaparece e uma nova ideologia de padronização é estabelecida, na qual, de acordo com Nirje, pretende-se:

“Colocar à disposição dos deficientes mentais as diretrizes e condições da vida cotidiana que sejam o mais próximo possível das normas e diretrizes do corpo principal da sociedade”.

-B. Nirje-

Da mesma forma, o princípio da integração é implementado, de modo que todas as crianças, apesar de suas dificuldades, têm o direito de frequentar a escola comum. E elas devem receber uma resposta adaptada.

Seguindo essa linha, surge o pensamento de inclusão, baseado na não discriminação desse tipo de aluno no sistema educacional.

Portanto, atualmente, existem medidas de atenção à diversidade e inclusão social de pessoas com deficiência intelectual. Para alcançar seu desenvolvimento integral, é fundamental o direito a uma educação decente nas escolas comuns ou, em casos excepcionais, em centros especializados.

Assim, os estudantes com essas necessidades educacionais especiais podem superar as barreiras de aprendizagem e receber um tratamento justo e equitativo.

Definição atual

Além dessas mudanças históricas na maneira de abordar e compreender a deficiência intelectual, também houve várias mudanças na definição desse conceito.

criança com síndrome de down

Assim, atualmente, de acordo com a AAIDD (Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento), a deficiência intelectual é entendida como:

“A existência de limitações significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expressas em habilidades conceituais adaptativas, sociais e práticas, e que se originam antes dos 18 anos de idade.”

– Associação Americana de Deficiências Intelectuais e do Desenvolvimento –

Levando em consideração esses critérios, para diagnosticar a deficiência intelectual é necessário aplicar um teste que avalie o QI e uma escala de comportamento adaptativo. Uma vez feita a detecção, toma-se medidas que possam completar o desenvolvimento da criança da maneira mais completa possível. 

A propósito, pense no exemplo de superação do professor Pablo Pineda, o primeiro europeu com síndrome de Down a terminar um curso universitário. Ele afirma:

“Não há pessoas com deficiência, mas pessoas com diferentes capacidades.”

-Pablo Pineda-

Essa frase deveria ser reconhecida por todo mundo para que os preconceitos contra pessoas com deficiências intelectuais sejam extintos de uma vez por todas.


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