O que é imunoterapia oral para crianças alérgicas a amendoim?
A alergia ao amendoim não é apenas uma das mais frequentes na infância, é também uma das mais temidas. A questão é que existe um alto risco de parada respiratória e morte, por isso os familiares das crianças alérgicas evitam a todo custo o contato. Por esse motivo, os especialistas estão empenhados em resolver essa perigosa alergia, investigando a imunoterapia oral para crianças alérgicas ao amendoim.
Um estudo recente oferece avanços promissores na cura da alergia ao amendoim, melhorando, assim, a qualidade de vida de crianças e suas famílias.
Continue lendo para se atualizar sobre os resultados desse estudo em pré-escolares, saber o que deve ser controlado e descobrir se é adequado ou não para todas as crianças.
Um estudo com resultados animadores
O tratamento convencional para alergia ao amendoim é evitar alimentos e controlar os sintomas quando eles ocorrem. Porém, essa estratégia não é tão prática para os pequenos, já que eles não conseguem evitar a possível contaminação por amendoim nos ambientes que frequentam.
Além disso, evitar não resolve o risco de desenvolver uma reação anafilática na criança, de modo que ela permanece muito vulnerável mesmo em ambientes cotidianos.
Por esse motivo, outra estratégia eficaz para o tratamento da alergia ao amendoim está sendo investigada, denominada imunoterapia oral (P-OIT), que consiste na administração de pequenas quantidades de proteína do amendoim a crianças alérgicas. O objetivo final é dessensibilizar seu sistema imunológico na presença desse fruto seco.
Em que consistia o trabalho?
A equipe canadense de Soller despertou esperança quando publicou os resultados de seu trabalho em 2010 no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice. O objetivo desse estudo foi avaliar a eficácia da imunoterapia oral em pré-escolares em seu ambiente natural, após 1 ano de manutenção.
Essa avaliação incluiu 117 crianças entre 9 meses e quase 6 anos de idade que apresentaram pelo menos 1 reação positiva ao amendoim ou que, de acordo com exames de sangue, eram suspeitas de serem alérgicas ao amendoim.
Essas crianças compareceram à clínica de testes de 8 a 11 vezes e receberam uma dose de 300 miligramas (1 amendoim) para ajudar na dessensibilização em cada visita.
Essa dose foi mantida por 1 ano e após esse tempo, foi testada uma dose cumulativa de 4.000 miligramas (13 unidades) de proteína de amendoim para saber sua reação.
Quais foram os resultados do estudo?
A contribuição mais importante desse estudo foi que 78,6% de todas as crianças estudadas foram capazes de comer 4.000 miligramas de proteína de amendoim sem reação. Aquelas que tiveram reação apresentaram sintomas leves ou moderados. Apenas 1 participante necessitou de terapia de emergência.
Além disso, 98% das crianças estudadas poderiam tolerar uma dose igual ou superior a 1000 miligramas (3 unidades), quantidade suficiente para considerá-las protegidas contra possíveis exposições acidentais em sua vida diária.
Esses resultados também permitem concluir que, em pré-escolares alérgicos a amendoim, a imunoterapia oral pode dessensibilizá-los. Portanto, é possível considerá-la como uma terapia alternativa às recomendações atuais para evitar o amendoim.
Certamente você está pensando que a dor de cabeça foi resolvida para todos em casa, pois pode ter sido encontrada a cura para a alergia ao amendoim. No entanto, alguns aspectos devem ser mantidos em mente.
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O que devemos observar na imunoterapia oral?
Ao decidir com a equipe médica se é conveniente aplicá-la em nossos filhos, devemos escrutinar entre o “bom” e o “não tão bom” dessa terapia.
O bom da imunoterapia oral é que ela pode eliminar o risco de uma reação alérgica grave devido ao consumo acidental de amendoim pelos nossos filhos.
Além disso, permite melhorar a qualidade de vida da criança e da família, participando de atividades sociais que antes causavam medo devido a possíveis reações à ingestão do amendoim.
O que é “não tão bom”?
Este é um tipo de tratamento que exige muita disciplina e comprometimento dos participantes e seus familiares. Por exemplo, ter que visitar a equipe médica com frequência e estar disposto a tomar a dose recomendada faz parte do sucesso do tratamento. Vale ressaltar que esse método não pode ser feito em domicílio e que requer acompanhamento profissional em local devidamente preparado para isso, como um hospital.
Um artigo da revista Allergy and Asthma Proceedings em 2021 esclarece que a aplicação do tratamento pode gerar ansiedade na criança ou familiares devido ao medo de reações graves.
Por outro lado, o trabalho de Dunlop no BMJ Journals em 2020 revela que um dos efeitos colaterais da imunoterapia oral é o aparecimento de reações alérgicas agudas relacionadas às quantidades a serem administradas.
Para melhores resultados, os membros da família precisam estar seguros com o tratamento e, nesse sentido, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou uma vacina contra alergia ao amendoim. Vamos nos aprofundar nisso abaixo.
A vacina da FDA para alergia a amendoim
O tratamento da alergia ao amendoim deu outro salto em 2020, quando o FDA aprovou a primeira vacina para essa alergia, conhecida como “Palforzia”. Semelhante à imunoterapia oral (P-OIT), “Palforzia” usa pequenas doses de proteína de amendoim para dessensibilizar gradualmente o sistema imunológico do paciente.
Ela é aplicada em crianças e jovens de 4 a 17 anos com diagnóstico confirmado de alergia ao amendoim. No entanto, embora seja um desenvolvimento promissor, são necessárias mais pesquisas para determinar sua eficácia a longo prazo em comparação com o P-OIT.
A OIT é só para amendoim?
Não, a imunoterapia oral também está sendo investigada para outras alergias alimentares. Por exemplo, estudos são feitos para leite de vaca, ovos e proteína de trigo. Até agora, a eficácia terapêutica só foi encontrada para a proteína do ovo. Isso foi exposto por um artigo publicado no World Allergy Organization Journal em 2020.
A imunoterapia oral pode ser aplicada em crianças alérgicas ao amendoim?
Antes de agir, você deve buscar apoio profissional com um alergista e um pediatra, que podem ajudar a decidir quando e como aplicar a imunoterapia oral. O protocolo de aplicação dependerá de suas recomendações.
Até agora, é uma boa opção para reduzir os riscos de anafilaxia e outros sintomas graves, pois ajuda a dessensibilizar o sistema imunológico e melhorar a qualidade de vida de nossas crianças. Lembre-se: você precisa de apoio profissional!
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
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