Lesões fantasmas em crianças: o que você precisa saber

A exigência esportiva excessiva para as crianças pode desencadear alguns problemas de saúde, como lesões fantasmas. Entenda do que se tratam.
Lesões fantasmas em crianças: o que você precisa saber

Última atualização: 31 outubro, 2021

A atividade esportiva competitiva na infância tem seus custos. Algumas crianças são incapazes de lidar com a pressão e apresentam dores no corpo ou dificuldades de mobilidade, entre outras doenças físicas. Porém, no exame clínico não é possível verificar a presença de qualquer lesão real. Esse grupo de patologias é conhecido como lesões fantasmas em crianças.

É imprescindível o incentivo à atividade física desde a infância, mas é preciso garantir que o esporte seja realizado de forma recreativa, sem demandas que provoquem emoções negativas. Dessa forma, evita-se o sofrimento físico e mental dos pequenos.

O que é a dor fantasma?

É comum ouvir falar do membro fantasma após uma amputação, mas essa condição é algo totalmente diferente.

Crianças com uma lesão fantasma são crianças que sofrem uma dor real, como se tivessem uma lesão traumática em alguma parte do corpo. Desse modo, a dor fantasma é uma sensação física e emocional desagradável, originada no cérebro.

Geralmente, é uma condição bastante crônica e afeta a criança continuamente (todos os dias) ou intermitentemente (com alívio momentâneo). E como qualquer doença que perdura ao longo do tempo, condiciona a esfera física, social e emocional da criança.

A localização mais frequente da dor fantasma é nas extremidades, e é comum a associação de outros sintomas que não estão diretamente relacionados à suposta lesão.

menina menina refere-se ao médico pediatra ortopedista ortopedista dor em lesão no joelho esquerdo

Tratamento de lesões fantasmas em crianças

Primeiro, um interrogatório minucioso e um exame físico completo são realizados para categorizar a dor. Muitas vezes, alguns estudos complementares são indicados para descartar lesões de causa orgânica, ou seja, doenças físicas.

Quando outras possíveis causas de dor são descartadas, a suspeita dessa condição torna-se mais sólida. Diante disso, é importante orientar a criança e sua família sobre as medidas terapêuticas necessárias para aliviar seu desconforto.

O tratamento das lesões fantasmas em crianças requer um trabalho multidisciplinar, que envolve médico, psicólogo e familiares.

Em relação ao controle da dor, não existem medicamentos específicos, e é aconselhável não fazer uso indevido de analgésicos de venda livre.

É muito importante oferecer à criança uma abordagem psicológica correta, uma vez que as lesões fantasmas estão diretamente relacionadas à demanda na prática esportiva.

Por meio da lesão fantasma, a criança consegue inconscientemente o que precisa: tem a oportunidade de descansar ou suspender a atividade esportiva que gera grande estresse emocional. Muitas vezes, essa emoção surge do medo de falhar na competição.

Por fim, os pais devem refletir sobre as pressões que exercem sobre seus filhos e como isso afeta seu bem-estar.

Como prevenir lesões fantasmas em crianças

Uma das formas de prevenir essa condição em crianças é diminuir as demandas competitivas, além de incentivar o esporte como uma atividade saudável, que lhes oferece a oportunidade de se divertir e se desenvolver.

Esse tipo de lesão tende a ocorrer com mais frequência em esportes como beisebol (nos Estados Unidos) ou futebol (no Brasil). Ou seja, nas práticas mais populares de cada região.

Expectativas excessivas dos pais em relação ao desempenho de uma criança podem ser prejudiciais à sua saúde e bem-estar.

Às vezes, essas exigências vêm dos treinadores, que buscam um melhor desempenho atlético. Mas, ao submeter as crianças a esse nível de competitividade, o resultado pode ser o oposto do esperado.

Esporte como um hábito saudável

Criança na natação.

A atividade esportiva infantil deve ser sempre acompanhada por adultos, de forma integral, positiva e consensual com a criança. A vontade dela deve ser sempre ouvida e respeitada, desde que tenha autonomia suficiente para tomar decisões relacionadas à sua disciplina.

É lógico que toda criança quer vencer, assim como todas as outras ao seu redor. Porém, o adulto deve transmitir à criança a importância de participar independentemente dos resultados.

O ambiente nos esportes competitivos geralmente não é fácil, mas os pais devem oferecer o suporte necessário para a criança. É importante ser flexível e estar sempre atento às suas necessidades.

A atividade física melhora o desenvolvimento motor, previne comportamentos sedentários, reduz a tensão e melhora o descanso noturno da criança. Além disso, influencia positivamente a consciência corporal e evita problemas relacionados à má postura.

Quando realizado em ambientes saudáveis, o esporte melhora as habilidades sociais das crianças. Além disso, também as ajuda a respeitar o outro, a melhorar sua autoconfiança, a reduzir a ansiedade e a trabalhar o autocontrole.

Por tudo isso, é importante aproveitar a prática esportiva na infância, sem criar pressões que possam prejudicar os pequenos física e emocionalmente.


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